Os presidentes da China, Xi Jinping, e dos Estados Unidos, Donald Trump. Foto: Andy Wong/AP

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu neste domingo (10) que a China quadruplicasse as compras de soja americana, dois dias antes do fim da trégua tarifária entre os países. A declaração, feita na rede Truth Social, fez os preços da oleaginosa subirem 2,2% na Bolsa de Chicago, atingindo US$ 10,09 (R$ 55,02) o bushel.

Analistas duvidam da viabilidade do pedido, que exigiria mudanças profundas na atual estrutura do comércio global de soja. Trump afirmou que a China estaria preocupada com uma possível escassez e deveria aumentar rapidamente os pedidos.

“Um serviço rápido será prestado. Obrigado, Presidente XI”, escreveu. Atualmente, a China é o maior comprador mundial do grão, tendo importado cerca de 105 milhões de toneladas em 2023, a maior parte do Brasil e menos de um quarto dos Estados Unidos.

Especialistas como Johnny Xiang, da consultoria AgRadar, avaliam que seria “altamente improvável” que Pequim comprasse quatro vezes mais soja dos EUA, pois isso exigiria substituir a maior parte das importações brasileiras. A medida também poderia gerar desequilíbrios na oferta global, afetando diretamente o país, principal fornecedor do grão à China.

Carga de soja em Binzhou, na China. Foto: AFP

A trégua tarifária entre Pequim e Washington expira em 12 de agosto, mas há possibilidade de prorrogação. Não está claro se o aumento das compras de soja é uma exigência de Trump para manter o acordo. A pressão ocorre em meio ao objetivo de reduzir o superávit comercial chinês com os EUA.

Historicamente, a China não tem cumprido as metas do acordo de Fase Um, assinado no primeiro mandato de Trump, que previa aumento das compras de produtos agrícolas americanos. Em 2024, Pequim ainda não adquiriu soja dos EUA para o quarto trimestre.

Pequim tem indicado a possibilidade de abandonar totalmente a soja americana neste ano, buscando fornecedores alternativos, como a Argentina. A Reuters informou que processadores chineses já compraram três cargas de farelo argentino, aproveitando preços mais baixos e reduzindo a dependência dos EUA.

No ano passado, a China importou 22,13 milhões de toneladas de soja dos EUA e 74,65 milhões de toneladas do Brasil. Caso atenda ao pedido de Trump, esse cenário mudaria drasticamente, com impactos diretos sobre o comércio agrícola global e sobre a balança comercial brasileira.

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Last Update: 11/08/2025