Sob mediação de Camila Moreno, membra da Direção Executiva Nacional, o Partido dos Trabalhadores (PT) promoveu, direto de Belo Horizonte, neste sábado (28), o último debate entre as chapas para o Processo de Eleição Direta (PED) 2025, que vai definir, em 6 de julho, o próximo presidente da legenda. O evento foi transmitido ao vivo pelo canal do PT no YouTube.

Na primeira parte do debate, os representantes das chapas tiveram cerca de 10 minutos para expor as diferentes posições sobre o futuro do partido e do país. Eles consideraram a conjuntura internacional, o ambiente de guerras, a crise do capitalismo e a ascensão da extrema direita em todo o mundo. Todos concordaram que é fundamental reeleger o presidente Lula em 2026.

Alternativas para o futuro

O primeiro a falar foi Murilo Brito, em nome da chapa 270 (Campo popular). Ele abordou a crise e a decadência da democracia burguesa e os desafios à frente para a classe trabalhadora.

“A democracia burguesa promete prosperidade, promete uma vida boa para todo mundo, que todo mundo tenha a possibilidade de melhorar de vida, mas, na prática, não é isso que ocorre”, observou. “Haja vista esse último embate que teve agora, do IOF, que é um movimento que o governo fez que atinge, basicamente, a elite econômica do país, foi feito dentro da legalidade”, acrescentou Murilo.

Em seguida, Joaquim Soriano, da chapa 290 (Muda PT, lutar é o caminho. Lula 2026), avaliou o PT no embate contra a extrema direita. “O partido, ele precisa demarcar posições a favor da classe que busca representar, ainda mais quando é governo, quando é o governo central. Precisamos mudar o PT para ajudar o governo a mudar a sua orientação”, ponderou.

Depois foi a vez de Valter Pomar, representando a chapa 220 (Em tempos de guerra, a esperança é vermelha). De acordo com Pomar, o PT tem que deixar de lado a estratégia política de frente ampla, aderir à mobilização popular e “entrar no modo campanha”.

“Para viabilizar isso, é preciso um partido militante, um partido protagonista das lutas sociais. Para isso, é preciso começar libertando o PT da tutela dos mandatos parlamentares”, apontou.

Por sua vez, Cristiano Silveira, da chapa 299 (A força da militância com Edinho e Lula), falou da necessidade de revisão de alguns processos internos que atrapalham a disputa política e o próprio PED.

Leia mais – PED 2025: São Paulo sedia último debate entre os candidatos à presidência nacional

“O partido é ali, às vezes, sequestrado por parlamentares. Às vezes, o partido também é sequestrado por pessoas da estrutura da burocracia partidária, que se utilizam dos lugares onde estão para a manutenção da guerra interna que nós vivemos”, afirmou.

Já Virgílio Guimarães, representante da chapa 250 (Somos todos PT em movimento), defendeu as alianças ao centro como necessárias na luta política ideológica.

“A nossa tese, ela é muito focada também na construção interna do PT. Ela traz […] essa lógica, de manter a firmeza ideológica da construção de uma nova sociedade, da transformação social, e, ao mesmo tempo, fugindo tanto da capitulação adesista, da deformação ideológica, quanto também do doutrinarismo estéril, que nada tem de transformador e revolucionário”, definiu.

Markus Sokol, da chapa 210 (Virar à esquerda: diálogo e ação petista), concordou com a necessidade de o partido mobilizar a população para derrotar a extrema direita. “A resistência é base para apresentar uma plataforma. O PT e o governo têm que mudar, têm que apresentar uma plataforma de mobilização. A base para isso existe, não é na minha cabeça, é na vida.”

Falando em nome da chapa 280 (Derrotar a extrema direita e avançar na construção de um novo Brasil), Carlos Eduardo resgatou as raízes da crise política nacional, passando pelo golpe de 2016, que afastou a ex-presidenta Dilma Rousseff, pela prisão ilegal de Lula e pelos governos neoliberais de Michel Temer e Jair Bolsonaro.

“Naquele momento, houve uma tentativa de isolamento do PT”, descreveu, depois de elogiar a resistência do partido ao longo de seis anos, até que Lula pudesse voltar a Presidência da República.

Leia mais – PED 2025: site de consulta indica local de votação e situação do filiado (a)

Por fim, a chapa 200 (Lula, PT e resistência socialista: lutar contra a desigualdade e pela democracia) foi representada por Henrique Fontana. Na percepção dele, a legenda precisa rever o PED e torná-lo “mais representativo, pois está ultrapassado”. “Nós temos que ter um outro processo de democracia interna, porque o PED trouxe para o dia a dia do PT todos os defeitos que a democracia burguesa tradicional tem”, resumiu o secretário-geral do partido.

Encerradas as considerações gerais, os representantes das chapas responderam a perguntas sorteadas pela mediação do debate. Os temas principais foram financiamento partidário, renovação interna de quadros, organização da classe trabalhadora, reforma política, entre outros.

Da Redação

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 28/06/2025