Marcado para os dias 16 a 19 de outubro de 2025, em Brasília, o 16º Congresso do PCdoB reunirá milhares de militantes e dirigentes de todas as regiões do país para debater os rumos do Brasil diante da crise estrutural do capitalismo global e definir estratégias para as eleições de 2026. Com base no Projeto de Resolução “Vitória do Brasil em 2026 – Mudanças para o Desenvolvimento Soberano”, o PCdoB apresenta propostas que articulam democracia, justiça social e soberania nacional.
Os congressos são o principal espaço de deliberação democrática do Partido Comunista do Brasil.
Espaço político de construção estratégica para o Brasil
O 16º Congresso é o fórum que consolida a estratégia política do partido em um contexto de polarização nacional e de agravamento da crise global do capitalismo. É o ponto alto de um processo democrático e participativo iniciado em junho de 2025, com assembleias de base, seguido por conferências municipais e estaduais, culminando na plenária nacional em outubro. Essas etapas garantem que cada filiado contribua com emendas ao Projeto de Resolução, fortalecendo a democracia interna e a inteligência coletiva do partido.
A reunião também marca a renovação do Comitê Central, com a histórica paridade de gênero (50% de mulheres) e maior representatividade de negros e indígenas, refletindo o compromisso do PCdoB com a diversidade e a inclusão. Além disso, o congresso é estratégico para alinhar as ações do partido às eleições de 2026, com o objetivo de garantir a reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva e fortalecer a Frente Ampla contra a extrema direita. O PCdoB busca ampliar sua bancada parlamentar, atualmente com oito deputados, e consolidar sua influência em pautas como reindustrialização, redução da desigualdade e transição ambiental.
Enfrentando a crise do capitalismo
O PCdoB identifica uma crise sistêmica no capitalismo global, marcada pela estagnação das economias centrais e pelo aprofundamento das desigualdades econômicas, sociais e ambientais. Ressalta-se o declínio relativo da economia dos Estados Unidos, a persistência de baixas taxas de crescimento em países como o Japão, que há décadas enfrenta deflação, e a fragilidade econômica da União Europeia, evidenciada pelas dificuldades da Alemanha em manter seu ritmo industrial. O PIB alemão encolheu 0,3% em 2023 e 0,2% em 2024 — a primeira vez em mais de duas décadas que a economia alemã registra dois anos consecutivos de queda.
No Brasil, dados recentes do IBGE mostram que, apesar da queda no desemprego, a informalidade e a precarização do trabalho persistem, mantendo grande parte da população em situação de vulnerabilidade.
A perda de dinamismo do capitalismo convive com uma concentração de renda sem precedentes. Um relatório da Oxfam, intitulado “Às Custas de Quem?”, publicado em janeiro de 2025 durante o Fórum Econômico Mundial em Davos, revela dados alarmantes sobre a financeirização da economia. Segundo o estudo, a riqueza total dos bilionários aumentou em US$ 2 trilhões em 2024, com a criação de 204 novos bilionários. A riqueza dos cinco mais ricos do mundo dobrou desde 2020, enquanto 60% da população mundial (cerca de 5 bilhões de pessoas) ficaram mais pobres.
O partido também critica a manipulação ideológica promovida por grandes monopólios de tecnologia como Google e Meta — cujos fundadores estão entre os maiores bilionários do mundo. Essas plataformas são apontadas como amplificadoras de narrativas da extrema direita e disseminadoras de desinformação, como ficou evidente nas campanhas eleitorais e nos ataques às sedes dos Três Poderes, no fatídico 8 de Janeiro.
Essa nova configuração global, segundo o PCdoB, é, também, marcada, por outro lado, pela ascensão de potências como a China socialista, que se destaca por avanços sociais, tecnológicos e ambientais, combinando planejamento estatal com inovação e inclusão social. Para o partido, o Brasil, com seu papel crescente em fóruns como G20 e BRICS, é peça-chave em um mundo multipolar, resistindo às pressões imperialistas – essencial ao Sul Global.
Nesse contexto, o partido defende a cooperação multilateral e a solidariedade internacionalista, expressando apoio às lutas dos povos da América Latina — como Venezuela, Bolívia e Cuba — contra a ofensiva imperialista e pela autodeterminação dos povos. Bem como repudia o massacre do povo palestino, em Gaza.
O PCdoB também critica a postura imperialista dos Estados Unidos, que promove guerras e tensões para manter sua influência global. Recentemente, além dos tarifaços de importação, o presidente norte-americano Donald Trump passou a assediar a soberania brasileira e atacar as instituições republicanas do Brasil para defender seus pares da extrema direita.
Desenvolvimento soberano e a justiça social
No plano nacional, o PCdoB reconhece avanços do governo Lula, como o crescimento de 3,4% do PIB em 2024, impulsionado pela indústria, e a retomada de programas sociais como Bolsa Família e Minha Casa Minha Vida. Contudo, aponta obstáculos como os juros elevados do Banco Central, que limitam o progresso, e a persistência de trabalhos precários, apesar da baixa taxa de desemprego (6,2% em maio de 2025, segundo o IBGE).
Fortalecendo a democracia e a soberania: a luta contra a extrema direita
O PCdoB identifica a polarização política e a fragilidade democrática como desafios centrais no cenário brasileiro. Embora a vitória de Lula em 2022 tenha representado um marco importante, a extrema direita permanece como uma ameaça latente. Para enfrentar esse contexto, a estratégia política do partido para 2026 se estrutura em duas frentes principais: a mobilização popular e a construção de uma frente ampla capaz de isolar as forças reacionárias.
A mobilização popular envolve o fortalecimento dos movimentos sociais, sindicais e estudantis, considerados pelo partido como a verdadeira força motriz das transformações democráticas e sociais. Nesse sentido, iniciativas como o Plebiscito Popular pelo fim da escala 6×1 ganham destaque, por sua capacidade de engajar a base e ampliar o debate público sobre direitos trabalhistas.
Ao mesmo tempo, o PCdoB aposta na articulação de uma aliança política liderada por Lula, que deve reunir partidos progressistas como PT, PSB e PV, além de manter diálogo com legendas como PSOL e Rede, com vistas à formação de federações partidárias. Essa frente ampla busca consolidar um campo democrático e patriótico, capaz de enfrentar a ofensiva da extrema direita e garantir avanços sociais e políticos no país.
Socialismo como alternativa: olhando para o futuro e para as bases
O PCdoB reafirma o socialismo como a alternativa viável e necessária para superar a crise capitalista, inspirando-se em experiências como as da China e do Vietnã. No Brasil, o partido defende um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, baseado em reformas estruturais democráticas que promovam a reindustrialização, a geração de empregos, a valorização dos trabalhadores e a redução das desigualdades.