Criminosos do PCC (Primeiro Comando da Capital) em São Paulo, em 2014. Foto: Alex Silva/Estadão Conteúdo

O Primeiro Comando da Capital (PCC), uma das facções criminosas mais influentes do Brasil, tem se expandido e chegou a ao menos 28 países. O grupo tem se infiltrado em prisões no exterior para recrutar novos membros e ampliar seus negócios, incluindo o tráfico de drogas e armas e a lavagem de dinheiro.

As informações fazem parte de um mapeamento realizado pelo Ministério Público de São Paulo, obtido com exclusividade pela GloboNews e g1. O relatório detalha a atuação do PCC em países da América Latina, Europa, Ásia e Oriente Médio, revelando a complexidade das operações transnacionais da facção.

O mapeamento aponta que o PCC se infiltrou em países vizinhos ao Brasil, como Paraguai, Bolívia, Venezuela, Uruguai e Argentina, criando uma rede de tráfico que se estende para além das fronteiras brasileiras.

Esses países são estratégicos para o tráfico de cocaína, já que são produtores e têm fronteiras com o Brasil, facilitando o transporte para mercados internacionais. A facção tem se tornado uma das maiores distribuidoras de drogas na Europa, especialmente na região da União Europeia, onde têm se estabelecido células de operação.

Além da expansão territorial, o PCC tem demonstrado sua capacidade de adaptação às estratégias de tráfico europeu. A facção, conhecida por seu controle rígido dentro do sistema prisional, tem utilizado as cadeias internacionais como um ponto de recrutamento e fortalecimento de suas atividades.

Isso se reflete em como eles têm se infiltrado em cadeias na Europa, criando novos focos de operações e recrutando não apenas brasileiros, mas também cidadãos locais. Países como Portugal têm sido identificados como rotas importantes para a movimentação de drogas, com tráfico de cocaína proveniente diretamente da América do Sul, especialmente do Brasil.

Criminosos detidos em barco que transportava cerca de 6,5 toneladas de drogas em Portugal. Foto: Divulgação

A colaboração com outras organizações criminosas internacionais tem ajudado a facção a movimentar grandes quantidades de dinheiro de forma clandestina. As investigações indicam que a facção está se tornando um dos principais jogadores no mercado de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, com capacidade de operar globalmente.

A expansão do PCC para a Europa tem sido um dos maiores desafios para as autoridades brasileiras e internacionais. Países como Portugal, que possuem uma grande comunidade brasileira e uma conexão cultural forte com o Brasil, se tornaram centros de operação para a facção.

A colaboração entre o PCC e as máfias italianas, especialmente a ‘Ndrangheta, também tem sido uma questão preocupante. A máfia calabresa tem se aliado ao PCC para facilitar a entrada de cocaína no mercado europeu, aproveitando suas rotas de tráfico estabelecidas.

O avanço da facção para a Europa e o envolvimento com outras organizações criminosas demonstram a capacidade de adaptação do PCC. A facção não se limita apenas ao tráfico de drogas, mas também se envolve em outras atividades criminosas, como o tráfico de armas e o controle de portos.

As investigações indicam que o PCC tem buscado dominar o tráfico de armas na Europa, trabalhando com outras redes criminosas para garantir o abastecimento de armamentos para suas operações. Essa diversificação de atividades coloca o PCC como uma organização criminosa ainda mais perigosa e resiliente.

Países (em vermelho) onde o PCC foi mapeado. Foto: Reprodução/g1

A facção tem utilizado a estrutura financeira de outros países para transferir e esconder grandes somas de dinheiro, o que tem facilitado suas operações transnacionais. Especialistas apontam que o PCC, ao expandir seus negócios na Europa, não apenas fortalece sua presença, mas também aumenta sua capacidade de corromper sistemas financeiros e administrativos locais.

O Líbano também tem sido mencionado nas investigações, especialmente no que diz respeito à lavagem de dinheiro. Embora o país não seja um destino para o tráfico de drogas, ele é considerado um ponto estratégico para a movimentação de recursos financeiros, especialmente os provenientes do tráfico.

A presença do PCC no país tem sido associada à possibilidade de facilitar operações de lavagem de dinheiro, uma vez que a facção busca expandir seus horizontes financeiros e garantir que o dinheiro do tráfico seja lavado sem levantar suspeitas.

A presença em países como a Sérvia e o Líbano é um reflexo da capacidade da facção de se infiltrar em mercados internacionais e estabelecer redes de tráfico e lavagem de dinheiro. A colaboração com outras organizações criminosas na compra e venda de armas é uma das maneiras de garantir que a facção tenha acesso aos recursos necessários para expandir suas operações.

A situação do PCC também é observada com preocupação na Ásia, especialmente no Japão, onde a facção tem se infiltrado no mercado de cocaína, direcionando a droga para a Oceania e outros mercados asiáticos. A presença do PCC no Japão é um reflexo do aumento da demanda por cocaína na região, onde os preços da droga podem ser altíssimos.

Veja a lista de países onde o PCC foi mapeado:

  • Alemanha
  • Argentina
  • Bélgica
  • Bolívia
  • Chile
  • Colômbia
  • Equador
  • Espanha
  • Estados Unidos
  • França
  • Guiana Francesa
  • Guiana
  • Holanda
  • Inglaterra
  • Irlanda
  • Itália
  • Japão
  • Líbano
  • México
  • Paraguai
  • Peru
  • Portugal
  • Sérvia
  • Suíça
  • Suriname
  • Turquia
  • Uruguai
  • Venezuela

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Last Update: 24/06/2025