Paulo Paim destaca a importância da luta contínua por direitos humanos e inclusão social

No programa Café PT desta segunda-feira (16/12), o senador Paulo Paim (PT-RS) abordou temas essenciais para o país como igualdade racial, direitos trabalhistas e políticas públicas para inclusão. Com uma trajetória de quase quatro décadas no Congresso Nacional, Paim compartilhou reflexões sobre os avanços obtidos e os desafios que permanecem na luta pelos direitos humanos, dos trabalhadores, da população negra e dos idosos.

Entre os temas debatidos, o senador ressaltou a importância de seu projeto de lei, que amplia de 20% para 30% as vagas em concursos públicos destinadas a pretos, pardos, indígenas e quilombolas. Ele destacou que a política de cotas é uma ferramenta fundamental para a construção de uma sociedade mais igualitária, evidenciando o impacto transformador dessas ações afirmativas no Brasil.

Paim comemorou os resultados obtidos na educação superior, onde, após a implementação da política de cotas, o número de estudantes negros cresceu 30 vezes. “Nos Estados Unidos, a política de cotas durou 50 anos e ajudou a equilibrar a sociedade. No Brasil, ainda precisamos de pelo menos 20 ou 30 anos de aplicação contínua para alcançar resultados semelhantes”, afirmou o senador.

Ele também criticou alterações feitas pela Câmara dos Deputados no projeto, como a extinção das comissões de heteroidentificação, essenciais para evitar fraudes, e a redução do período de reavaliação da lei de 10 para 5 anos. “São retrocessos que precisam ser corrigidos no Senado para garantir que a política de cotas alcance seu pleno potencial”, destacou.

Estatuto da Igualdade Racial

Durante a entrevista, Paim relembrou o papel fundamental do Estatuto da Igualdade Racial, sancionado em 2010 pelo presidente Lula, como um marco no combate ao racismo e ao preconceito no Brasil. Apesar dos avanços, ele reconheceu que ainda há muito a ser feito para implementar plenamente as medidas previstas no estatuto.

“Uma das prioridades é regulamentar a abordagem policial para que seja humanizada e respeitosa, evitando tragédias como as que vimos em São Paulo, Rio de Janeiro e outros estados”, disse o senador. Ele ressaltou que, embora o estatuto tenha norteado leis complementares, como a criminalização da injúria racial, a luta contra o racismo ainda é um desafio estrutural no país.

Redução da jornada de trabalho

Outro tema de destaque foi a luta histórica pela redução da jornada de trabalho. Desde a Constituinte de 1988, Paim defende a diminuição de 44 para 40 horas semanais, destacando os benefícios para a qualidade de vida dos trabalhadores e a geração de novos empregos.

“Reduzir a jornada para 40 horas poderia criar 3 milhões de empregos. Além disso, estudos mostram que jornadas mais curtas aumentam a produtividade, reduzem acidentes de trabalho e melhoram a saúde dos trabalhadores”, explicou.

Ele também elogiou a mobilização recente em torno do tema, liderada pela deputada Erika Hilton (PSOL-SP), que propõe a adoção de uma escala de trabalho de quatro dias por semana. “É uma ideia que tem ganhado força globalmente e pode ser adaptada às realidades do Brasil”, afirmou.

Política Nacional de Cuidados

Paim destacou a aprovação da Política Nacional de Cuidados como um avanço essencial para proteger trabalhadores formais e informais, além de crianças, idosos e pessoas com deficiência. Ele também reforçou a necessidade de equiparar os salários entre homens e mulheres, apontando que, apesar de avanços legislativos, a desigualdade ainda é marcante no mercado de trabalho.

O senador relatou o esforço do governo Lula na recuperação do Rio Grande do Sul após as enchentes de 2023. Ele destacou os investimentos de mais de R$ 6 bilhões, destinados à reconstrução de infraestruturas e à prevenção de futuras calamidades.

“A postura do governo foi exemplar. O presidente Lula demonstrou sensibilidade e compromisso ao mobilizar recursos para a reconstrução do estado”, afirmou.

Comissão de Direitos Humanos no Senado

Como presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH), Paim enfatizou o trabalho realizado em pautas como combate ao preconceito, direitos trabalhistas, políticas para pessoas com deficiência e igualdade de gênero.

O senador encerrou a entrevista com um panorama sobre a luta por igualdade no Brasil. Para ele, governos progressistas como os de Lula e Dilma foram essenciais para avançar em políticas públicas inclusivas, desde a implementação das cotas raciais até a valorização dos trabalhadores.

“A luta por direitos humanos e inclusão é permanente. Avançamos muito, mas ainda há muito por fazer para garantir dignidade e igualdade para todos os brasileiros”, concluiu.

Artigo Anterior

China registra crescimento econômico em novembro, após período de estagnação

Próximo Artigo

Imagem de "edifício desmoronando" não foi capturada em Balneário Camboriú

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter por e-mail para receber as últimas publicações diretamente na sua caixa de entrada.
Não enviaremos spam!