O programa Nova Economia da última quinta-feira (28) contou com a participação de Giovanni Harvey, diretor do Fundo Baobá, para discutir como o Fundo para Equidade Racial promove ações para melhorar as condições de vida para a população negra.
Criado em 2011, o Baobá é o primeiro fundo patrimonial que investiu mais de R$ 21,850 milhões em ações de equidade racial, além de 1.256 doações, 21 parcerias e 18 editais lançados. A meta para 2026 é chegar em R$ 250 milhões investidos.
O Fundo Baobá foi pensado há 15 anos, a partir da iniciativa da Fundação Kellogg, que promoveu uma escuta e constatou que era necessário direcionar esforços para construir um mecanismo de financiamento para a promoção da equidade racial.
“Não existia no Brasil, até então, uma instituição dedicada exclusivamente a investir no enfrentamento à desigualdade e à equidade racial, ao financiamento de iniciativas de enfrentamento ao racismo e promoção da equidade racial”, comenta Harvey.
E, para que o Baobá tivesse êxito em criar um fundo consolidado, para cada dólar que a iniciativa captasse no país, o Fundo Kellogg investia outros três dólares no fundo patrimonial. Se a captação fosse no exterior, a coparticipação seria de dois dólares a cada dólar recebido.
“Nós alcançamos, em 2022, exatamente 10 anos depois, em conformidade com o que foi pactuado pela Fundação Kellogg, alcançamos esse mérito, que se traduz hoje em um fundo patrimonial de 130 milhões de reais, que são os recursos que nós temos. E nós temos ainda uma reserva técnica derivada de uma doação de 5 milhões de dólares que nós recebemos também em 2022 da filantropa Mackenzie Scott, cofundadora da Amazon. Esses recursos constituem o nosso fundo patrimonial”, continua o diretor da Baobá.
Para promover a equidade racial, o Baobá financia iniciativas em quatro áreas: Educação, Direitos Humanos, Comunicação e Memória e Desenvolvimento Comum, totalizando cerca de 1.300 projetos em todas as regiões do país.
“Nosso instrumento principal é a doação de recursos, são os editais públicos de seleção que são construídos da seguinte forma. Eu já listei as quatro áreas nas quais nós atuamos. Nós identificamos as prioridades, os temas que são mais relevantes nessas áreas e, normalmente, em articulação com algum parceiro, nós mobilizamos recursos, fazemos a modelagem de um edital, tornamos esse edital público, contratamos uma comissão externa para conduzir o processo edital”, explica Giovanni Harvey.
Algoritmos
Um dos editais recentes, lançado em parceria com a Bolsa de Valores (B3), foi destinado ao desenvolvimento de carreiras de pessoas negras nas áreas de Física, Matemática, Engenharia e Medicina.
“Em 2017, durante o nosso planejamento estratégico, a presidente do nosso conselho federativo, Sueli Carneiro, chamou a atenção para algo que já em 2017 ela já julgava que era a possibilidade de termos um apagão em termos de pessoas negras na área de tecnologia, vislumbrando, já naquela época, que nós teríamos o crescimento das tecnologias digitais, hoje com inteligência artificial, vários outros elementos, e que a ausência de pessoas negras no domínio técnico e científico dessas áreas poderia gerar situações de acirramento de algo que hoje poderíamos chamar de racismo algorítmico”, observa.
A fim de evitar este cenário, o Baobá e a B3 lançaram o programa Black Student, que destina bolsas complementares para pessoas negras aprovadas em universidades que ofereçam tais carreiras para estudar no exterior.
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