No último dia 12, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) entregou ao ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, em audiência realizada na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, um documento com informações atualizadas sobre os conflitos agrários. O documento revela mais de 2.200 conflitos agrários ocorridos entre os anos de 2014 e 2023.
Além da coordenação da CPT e do ministro Paulo Teixeira, também estiveram presentes na audiência representantes da Campanha contra a Violência no Campo e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Representantes deste último foram questionados sobre o aumento dos conflitos, sendo que mais de 90% dos casos registrados pela CPT envolvem a ocupação de terras de índios com longa história de presença nessas áreas. A lentidão e a falta de ação do Incra aumentam cada vez mais a insegurança dessas comunidades, que também sofrem com a participação cada vez maior do aparato repressivo do Estado, em aliança com os latifundiários, em ameaças e ataques contra elas.
A CPT também questionou a distribuição desigual de terras em estados da região amazônica, alertando para o repasse de terras sem a devida diferenciação e reconhecimento de áreas importantes, como reservas de índios. Além disso, denunciou o aumento da violência em áreas como Amacro e Matopiba, com apoio político e econômico do Estado.
A CPT informou, por meio de um documento entregue ao ministro, que a última década foi marcada por uma “contrarreforma agrária”, com a ascensão do latifúndio. Apesar de a situação ter se agravado após o golpe de 2016 contra a presidenta Dilma, com o novo governo Lula, a situação continua a mesma.