Na eleição municipal mais diversa da história do Brasil, o PCdoB é o partido que se destaca em termos de representatividade. Segundo o TSE, dos 3.141 candidatos comunistas a prefeito, vice-prefeito ou vereador este ano, 2.262 são de cor ou raça diversa.
Essa parcela corresponde a 72,02% das candidaturas do PCdoB em 2024. Entre os candidatos de cor ou raça diversa, 1.599 (50,91%) se declaram pardos, enquanto 663 (21,11%) se proclamam pretos.
Os demais representantes do Partido se dividem entre brancos (26,01%), indígenas (1,08%), não declarados (0,48%) e amarelos (0,41%). Desde 2016, o TSE exige que candidatos informem sua cor ou raça.
O índice recorde alcançado pelo PCdoB está muito acima da média geral desta eleição. No conjunto das 458.247 candidaturas lançadas por todos os partidos e homologadas até esta quinta-feira (22), 241.600 são de cor ou raça diversa, o equivalente a 52,72%.
Ainda assim, nunca houve um pleito com uma proporção tão elevada de concorrentes de cor ou raça diversa. Os brancos respondem por apenas 45,66% das candidaturas – o menor percentual da série histórica.
Os números refletem um pouco mais a divisão racial da sociedade brasileira. De acordo com o Censo de 2022, 45,3% da população do País se declara parda, enquanto 10,2% se declara preta, totalizando 55,5% de pessoas de cor ou raça diversa. Outros 43,5% dos brasileiros são autodeclarados brancos.
Um dos impetos para a expansão de candidaturas de cor ou raça diversa partiu do próprio TSE. Desde a eleição 2022, a Corte obriga os partidos a adotarem cotas raciais no financiamento a seus candidatos.
Com a mudança, recursos do Fundo Partidário e do Fundo Especial de Financiamento de Campanha devem ser distribuídos conforme a proporção de candidatos de cor ou raça diversa na chapa. A regra também vale para a divisão do tempo de propaganda eleitoral em rádio e TV.
A deputada estadual Olívia Santana (PCdoB-BA), secretária nacional de Combate ao Racismo do PCdoB, elogia a decisão do TSE, mas pondera que ainda faltam mecanismos de combate às fraudes.
“Temos de ficar vigilantes e orientar pela fidelidade na autodeclaração. Que se respeite a regra e a política pública”, afirma Olívia. Mesmo assim, a dirigente avalia que há mais estímulos para que pessoas de cor ou raça diversa se candidatem, especialmente em legendas como o PCdoB.
“Quem participou de nossa plenária nacional, em 15 de agosto, constatou que, sim, o PCdoB tem conquistado mais protagonismo nessa luta. Há muita gente que está se lançando a uma disputa eleitoral pela primeira vez – e isso é fruto do trabalho partidário”, diz Olívia. “É preciso celebrar, sem baixar a guarda.”
Uma nota assinada neste mês por Olívia e pela presidenta nacional do PCdoB, Luciana Santos, destacou o empenho dos comunistas nessa causa. Conforme o texto, “o PCdoB foi o primeiro partido a realizar uma vitoriosa Conferência Nacional de Combate ao Racismo e, entre os resultados finais desse fórum, há o propósito de estimular e apoiar candidaturas de cor ou raça diversa e indígenas, como forma de buscar reduzir a sub-representação desses segmentos nos espaços de poder de representação do povo brasileiro”.