O acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, concluído após mais de duas décadas de negociações, ainda enfrenta riscos reais de não entrar em vigor.
Apesar do apoio dos governos nacionais da UE, o pacto depende da ratificação do Parlamento Europeu, onde votações previstas para os próximos dias podem alterar ou até bloquear o texto final.
De acordo com o Euronews, o principal ponto de tensão é a proposta de uma cláusula de salvaguarda agrícola, que permitiria à UE restringir importações do Mercosul caso produtores europeus sejam prejudicados.
Parlamentares também defendem regras de reciprocidade, exigindo que produtos sul-americanos sigam os mesmos padrões ambientais, sanitários e de bem-estar animal aplicados dentro do bloco.
A medida dividiu profundamente os eurodeputados e foi aprovada em comissão por margem mínima. Uma derrota no plenário pode forçar a reabertura das negociações ou inviabilizar o acordo, considerado estratégico pela Comissão Europeia para ampliar mercados e reduzir dependências externas em um cenário de tensões globais.
Embora o acordo UE-Mercosul seja visto como um passo importante para diversificar as relações comerciais europeias, reforçar o papel geopolítico da UE e expandir o acesso a mercados na América do Sul, a crescente polarização no Parlamento Europeu — com pressão tanto de defensores de setores produtivos internos quanto de grupos ambientalistas e de defesa de normas sociais e sanitárias — deixa o futuro do pacto em aberto