Para Vijay Prashad, mundo deve abordar ameaças de Trump com mais calma em 2025

do Brasil de Fato

Para encarar ameaças de Trump com menos seriedade

por Rodrigo Durão Coelho

Um dos principais temas do noticiário internacional do ano que começa será a volta de Donald Trump à Casa Branca. Mesmo antes de assumir um novo termo à frente do governo dos EUA, ele vem causando polêmicas com ameaças diversas: desde “resolver” a guerra da Ucrânia em 24h, até deportar em massa milhões de migrantes e confiscar o canal do Panamá.

Uma de suas ameaças principais é sobretaxar produtos de outros países, em tese, para beneficar a produção estadunidense. Punir com sanções países que deixem de usar o dólar para transações comerciais é outra variante desta ameaça.

Para o historiador indiano Vijay Prashad, um dos mais relevantes marxistas da atualidade, apesar de ressaltar que o novo governo dos EUA deve ser mesmo má notícia para a maioria das nações, as ameaças do bilionário não deveriam ser levadas tão a sério.

“A esta altura, 70% dos países em desenvolvimento no mundo sofrem sanções estadunidenses. O que eles vão fazer? Sancionar 100% deles? Isso isolaria os EUA. Então, acho que devemos encarar algumas dessas ameaças do Sr. Trump com menos seriedade”, disse Prashad.

O pensador indiano é o último convidado do ano do BdF Entrevista. Na conversa, ele revisa alguns dos principais assuntos que foram destaque em 2024 no noticiário internacional, como as eleições na Venezuela e nos EUA, o avanço da extrema direita, guerra na Ucrânia e o genocídio em Gaza, além de mudanças climáticas e a inteligência artificial.

Assista ao vídeo com a entrevista na íntegra e leia abaixo alguns dos principais trechos:

Brasil de Fato: Gostaria de repassar com você alguns dos acontecimentos mais importantes do ano, que ganharam o noticiário internacional, começando pela Venezuela. Tivemos a eleição, cujo resultado foi contestado pela oposição e por países estrangeiros, incluindo os EUA e a União Europeia. O que você achou?

Vijay Prashad: A primeira coisa que eu diria é que existem países europeus em situação de quase guerra ou de guerra e é muito difícil para eles realizar uma eleição. A imensa campanha de sanções contra a Venezuela é, na prática, uma guerra.

Você acha que devemos encarar com seriedade a ideia de abandonar o dólar e usar outras moedas em transações entre países do Brics?

Olha, eu não sou dos que acreditam que a desdolarização é algo fácil, eu acho que é muito difícil. É difícil pelos seguintes motivos. Para que uma moeda, uma grande moeda, se torne uma moeda global para reservas, comércio internacional etc, o país de onde vem essa moeda é obrigado a abrir mão do controle de seu capital. Ou seja, não pode haver controle de capital.

O que você acha das ameaças de Donald Trump contra quem desdolarizar suas transações externas?

Trump fez muitas declarações recentemente. “Tarifa” é uma das palavras preferidas dele. Ele diz que vai sancionar países que se recusarem a usar o dólar etc. Não sei quantas dessas ameaças são verdadeiras: Sanções de 100% para certos países. Isso vai ser prejudicial para os EUA, como disse Claudia Sheinbaum, presidenta do México.

Edição: Lucas Estanislau

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