Polêmico e muito querido no meio futebolístico, o atacante Romário, tetra-campeão do mundo em 1994, afirmou em programa recente no Charla Podcast, que o Brasil, para levar o Mundial de 2026, precisa ter em suas fileiras o craque Neymar, o que é uma colocação completamente oposta da imprensa nacional e seus comentaristas esportivos.
Segundo o “Baixinho”, como é chamado, “se tiver algum tipo de possibilidade [de ganhar a Copa], só se tiver o Neymar. E vou falar aqui, vou falar de novo o que eu já fiz, já falei. Em 94, o Brasil jogou pro Romário. Lá atrás, em 70, o Brasil jogou pro Pelé. Eu acho que mais antes, o Brasil jogou pro Garrincha. Depois, em 94, jogou pro Romário. Em 2002, jogou pro Ronaldo. Em 2026, né? Se não jogar pro Neymar, não vai ganhar. Tem que arrumar um time em volta dele, na minha opinião. Era pra ter feito lá atrás. Infelizmente, não fizemos. Mas como vamos ter ele mais uma vez, segundo ele mesmo falou, que vai ser a última Copa dele, vamos aproveitar isso”.
Além disso, o ídolo disse que a seleção precisa de alguém que “vista a camisa da seleção e decida. O Brasil, nesse momento, tá carente de… De jogador que chegue e vista a camisa da seleção e decida. E resolva os problemas. Hoje só tem um Ney. Então, assim, a gente tem que estar torcendo… Eu acredito que a maioria do brasileiro não pode ser diferente. Pra que ele volte logo. Volte a estar fisicamente 100%. Clinicamente também”.
O interessante é que a declaração parte de quem jogou futebol (e muito), além de ter conquistado praticamente todos os títulos possíveis, sendo, inclusive, o terceiro maior artilheiro da seleção, ficando atrás apenas de Pelé e do próprio Neymar.
A opinião de Romário é muito comum entre jogadores profissionais, técnicos e ex-jogadores, mas não reflete a posição da imprensa nacional, que, faz muito tempo, financia matérias e jornalistas para atacar Neymar e o futebol brasileiro.
Essa oposição tem um motivo muito simples. Em primeiro lugar, é privilegiar o futebol (e o dinheiro) europeu. Privilegiar no sentido mais amplo, elogiando a conduta de jogadores europeus, técnicos, esquemas táticos, por um lado, e, por outro, atacando tudo o que significa o futebol brasileiro.
Nesse segundo cenário, também é parte do plano a transformação dos estádios em arenas, o banimento das torcidas organizadas, o aumento geral dos preços dos ingressos de um evento tipicamente popular como os jogos de futebol, etc.
Não se fala nada dos empresários e capitalistas do futebol europeu que estão para estabelecer um monopólio. Quase não se critica o fato de que os times todos estão virando propriedade privada de capitalistas particulares. O problema é Neymar e seu pai. Suas supostas noitadas, sua posição política, etc.
Instaurou-se um verdadeiro tribunal moral contra o jogador, o que fez com que ele evitasse conceder entrevistas para qualquer rede de comunicação brasileira. A pressão sobre ele é gigantesca e, se a proposta é fazer o Brasil perder a Copa de 2026, é preciso começar atacando seu principal jogador.
Os bilionários recursos do futebol europeu não querem ver outra Copa do Mundo entregue aos brasileiros. É um problema de colonização. O Brasil campeão é uma vitória do povo oprimido, e essa conta é simples para um colonizador. Toda Copa que o Brasil venceu tem essa característica, e em todas elas o Brasil vence apesar da imprensa nacional.
As colocações de Romário refletem a posição daqueles que conhecem e gostam de futebol. Especialmente daqueles que gostam do futebol brasileiro, o maior vencedor de copas do mundo. Ou seja, elas refletem a posição da imensa maioria da população do país. Torcemos, então, para que elas se realizem, que Neymar volte 100%, traga o Hexa e se junte ao panteão dos heróis de 1958, 1962, 1970, 1994 e 2002.