Pesquisa Genial/Quaest revela que a maioria da população brasileira acredita que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não conseguirá reverter a inelegibilidade de Jair Bolsonaro. O levantamento, obtido em primeira mão pela colunista da Folha, Mônica Bergamo, mostra que 59% dos entrevistados são incrédulos quanto à pressão do norte-americano por meio do aumento de tarifas em 50% contra produtos brasileiros.
Já para uma parcela de 31%, a pressão tarifária feita por Trump será capaz de mudar o cenário eleitoral para o ex-presidente, tornado inelegível até 2030 pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por abuso de poder e uso indevido de meios de comunicação.
Quando o recorte é feito somente entre eleitores de Bolsonaro, o descrédito é mantido, pois 45% observam que a tentativa de interferir na soberania brasileira pelo presidente dos EUA será infrutífera, e Jair permanecerá inelegível.
Leia mais: Brasil desafia Trump e reforça compromisso com os Brics, diz Celso Amorim
O percentual dos que acreditam que a interferência externa não mudará em nada a situação de Bolsonaro chega a 69%, quando considerados somente os eleitores do presidente Lula.
De maneira geral, os eleitores entrevistados rejeitam a iniciativa dos EUA em sancionar o Brasil com uma tarifa comercial que, praticamente, inviabiliza o comércio bilateral. Para 72%, Trump erra ao sustentar o “tarifaço”. Já 57% entendem que o presidente dos EUA não tem direito de intervir no processo contra Bolsonaro na Justiça, enquanto 36% afirmam que ele pode fazer isto e o restante não souberam ou não responderam.
A pesquisa ocorreu entre 10 e 13 de julho e ouviu 2004 pessoas.
“Tarifaço”
Em 9 de julho, Donald Trump anunciou que em 1º de agosto começa o “tarifaço” contra produtos exportados pelo Brasil aos EUA. Na carta pública endereçada ao presidente Lula, condiciona a negociação para flexibilizar a medida a um salvo-conduto a Jair Bolsonaro, ou seja, cobra impunidade para o ex-presidente.
Neste cenário, é importante destacar que não é o governo federal responsável pelo julgamento de Bolsonaro, mas sim as cortes superiores, o TSE no caso eleitoral, e o Supremo Tribunal Federal (STF), no caso penal. Este fato é destacado constantemente pelo presidente Lula em seus discursos.
Leia mais: Lula critica apoio ao tarifaço: “Estão agarrados nas botas do Trump”
Nesta semana, na véspera do começo do ‘tarifaço’, o chanceler Mauro Vieira e o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, tentam mais uma vez alguma interlocução com a Casa Branca, que na semana anterior deu sinais de que poderia abrir conversas com o Brasil em troca da exploração de terras raras brasileiras.