A afirmação foi feita pelo pontífice na segunda-feira (12) durante audiência com representantes da mídia reunidos na sala Paulo VI, no Vaticano. O papa Leão XIV defendeu a liberdade dos profissionais de imprensa detidos em coberturas de conflitos, como a Guerra da Ucrânia. O líder da Igreja Católica já foi convidado a visitar o país pelo presidente Volodomyr Zelensky.
O papa Leão XIV, eleito na última quinta-feira (8) após dois dias de conclave na Capela Sistina, elogiou a “coragem daqueles que defendem a dignidade, a justiça e o direito dos povos de serem informados”. O pontífice lembrou que “somente pessoas informadas podem fazer escolhas livres”.
Em seu primeiro discurso dominical na sacada da Basílica de São Pedro, no Vaticano, o sumo pontífice pediu paz às grandes nações e expressou solidariedade com o “sofrimento do povo ucraniano”.
Em Kiev, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, convidou Leão XIV para visitar a Ucrânia, que está em guerra com a Rússia há mais de três anos.
Existe a expectativa de um cessar-fogo para este conflito, mas o presidente russo, Vladimir Putin, adiou esta possibilidade. “A Rússia está pronta para negociar sem quaisquer pré-condições. Propomos começar na próxima quinta-feira (15) em Istambul, na Turquia”, declarou Putin durante pronunciamento no Kremlin durante o fim de semana.
O ministro das Relações Exteriores da Turquia, Hakan Fidan, disse nesta segunda-feira que espera que os líderes de Rússia e Ucrânia se reúnam “o mais rápido possível e declarem um cessar-fogo”.
Jornalistas livres
Referindo-se não só à Guerra da Ucrânia, Leão XIV solicitou a liberdade de jornalistas inclusive em outros conflitos, como na Faixa de Gaza.
“Vocês estão na linha de frente narrando conflitos, esperanças de paz, situações de injustiça e pobreza”, lembrou.
Na audiência com jornalistas nesta quinta no Vaticano, o papa Leão XIV ressaltou o desafio da classe de comunicação diante da inteligência artificial. O sumo pontífice destacou a responsabilidade e o discernimento para lidar com a ferramenta.
“Devemos evitar uma comunicação ruidosa e forçada e buscar uma comunicação capaz de ouvir as vozes dos fracos, que não têm voz”, disse o papa.
Leão XIV já havia dito que a “igreja oferece a todos o seu patrimônio de doutrina social em resposta a outra revolução industrial e aos desenvolvimentos da inteligência artificial, que colocam novos desafios para a defesa da dignidade humana, da justiça e do trabalho”.
Decisões iminentes
O sucessor do papa Francisco, falecido na segunda-feira (21) de Páscoa, tem algumas metas a cumprir nestes primeiros dias de papado. Aos 69 anos, o líder de 1,4 bilhão de católicos terá de definir o local onde irá residir. O novo papa precisará decidir se irá morar nos aposentos papais ou se fará a opção de morar num apartamento modesto, como seu antecessor, que morou num imóvel em Santa Marta.
Leão XIV terá de decidir, também, a data e o local de sua primeira viagem. É provável que o papa visite a Turquia no final deste mês para o 1.700º aniversário do Concílio de Niceia, um importante evento ecumênico, uma vez que o compromisso estava na agenda do papa Francisco.
Anel do pescador
A missa de posse do papa Leão XIV será realizada no próximo domingo (18) na Praça de São Pedro. Na celebração, ele receberá os símbolos do poder papal: o cardeal norte-americano Robert Francis Prevost vestirá o pálio, uma espécie de estola reservada para grandes celebrações, e receberá o anel de papa, conhecido como “anel do pescador”.
(Com AFP)