Na última segunda-feira (2), o papa Leão XIV criticou o aborto durante missa na Praça de São Pedro, no Vaticano, afirmando que invocar a “liberdade para tirar a vida” trai a humanidade. A declaração ocorreu em evento jubilar com milhares de famílias de 131 países, onde defendeu o matrimônio como união entre homem e mulher, citando a encíclica Humanae Vitae de 1968. A fala reforça a repressão aos direitos democráticos das mulheres, alinhando-se a setores conservadores.
Leão XIV destacou o matrimônio como modelo de “amor total, fiel e fecundo” entre homem e mulher, rejeitando a ideia de ser apenas um ideal. Ele afirmou ainda que “todos vivemos graças a um vínculo livre e libertador de humanidade e cuidado mútuo. Se nos amarmos assim, sobre o fundamento de Cristo, seremos um sinal de paz para todos, na sociedade e no mundo”. O pontífice apontou também que a “humanidade é traída” quando a vida não é protegida:
“Às vezes, esta humanidade é traída. Por exemplo, quando é invocada a liberdade não para dar a vida, mas para tirá-la; não para proteger, mas para ferir. Mesmo diante do mal que divide e mata, Jesus continua rezando ao Pai por nós.”
O evento reuniu delegações de famílias exibindo bandeiras e faixas com mensagens como “papa Leão, proteja a família”. O papa percorreu a praça no papamóvel, abençoando crianças, e entoou o “Regina Caeli”, pedindo a intercessão da virgem Maria por famílias em dificuldade, especialmente em regiões de guerra como Oriente Médio e Ucrânia. Ele declarou: “que a mãe de Deus nos ajude a caminhar juntos no caminho da paz”.
Leão XIV citou casais santificados, como Luis e Celia Martin, pais de Santa Teresa do Menino Jesus, e a família polonesa Ulma, assassinada na Segunda Guerra Mundial por proteger judeus. Ele afirmou: “a Igreja nos diz que o mundo de hoje precisa da aliança conjugal para conhecer e abraçar o amor de Deus e superar as forças que destroem relacionamentos e sociedades”. A missa marcou o primeiro grande evento jubilar do pontífice, eleito em 8 de maio de 2025, sob intenso calor na Praça de São Pedro.
A posição do papa contra o aborto alinha-se a uma política dedicada a restringir as liberdades democráticas das mulheres. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que 73 milhões de abortos ocorrem anualmente no mundo, muitos em condições inseguras devido a legislações restritivas.