Durante um encontro com jovens economistas e empresários em Assis, em setembro de 2022, o papa Francisco recebeu os participantes sob um painel que dizia: “Não é utopia”. A frase resume a essência de sua proposta — uma economia que tenha como finalidade o bem comum, o cuidado com a natureza e a promoção do desenvolvimento sustentável. O episódio foi relembrado pela repórter Edla Lula, do Correio Braziliense.

Para o pontífice, a missão da economia deveria ser atender às necessidades básicas das pessoas. No entanto, como denuncia na Encíclica Laudato Si (2015), esse propósito tem sido distorcido por um modelo de desenvolvimento predador, centrado no lucro, no consumo excessivo e no individualismo. “A finança sufoca a economia real. Não se aprendeu a lição da crise financeira mundial e, muito lentamente, aprende-se a lição do deterioramento ambiental”, alerta o documento.

Francisco propõe o conceito de “ecologia integral”, que considera o ser humano e a natureza como partes indissociáveis de um mesmo sistema. Para ele, “tudo está interligado. Por isso, exige-se uma preocupação pelo meio ambiente, unida ao amor sincero pelos seres humanos e a um compromisso constante com os problemas da sociedade”.

A ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva, inclusive, destaca a atuação do papa como reveladora e inspiradora. “Ele trouxe palavras bastante integradas com as necessidades e buscou percorrer caminhos que procuraram apontar soluções”, afirmou, citando a defesa da transição energética como “um novo ciclo de prosperidade”. Marina ainda reforça: “Prosperidade não é sinônimo de riqueza. Um indivíduo pode ser próspero sem ser rico e ser rico sem ser próspero.”

Em trechos mais incisivos, Francisco condena os mecanismos que priorizam o sistema financeiro em detrimento da vida humana: “A salvação dos bancos a todo o custo, fazendo pagar o preço à população, (…) reafirma um domínio absoluto da finança que não tem futuro e só poderá gerar novas crises.”

A preocupação com a Amazônia foi constante em seu pontificado, desde 2013, quando visitou o Brasil e fez um apelo direto para que os franciscanos atuassem na região.

A resposta veio com a criação de iniciativas como o Barco Hospital Papa Francisco, que percorre comunidades ribeirinhas oferecendo atendimento médico gratuito. A ação nasceu após conversa com o frei Francisco Belotti, presidente da Associação e Fraternidade São Francisco de Assis na Providência de Deus.

Nos documentos Querida Amazônia e Laudate Deum, Francisco apresenta seus quatro sonhos para a região: defender os mais pobres, preservar a riqueza cultural, proteger a natureza e fortalecer o papel dos cristãos na Amazônia.

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Last Update: 01/05/2025