O papa Francisco novamente condenou a “crueldade” dos bombardeios israelenses em Gaza, apesar das críticas da diplomacia israelense, que o acusou de manter uma “dupla moral”.
“Com dor, penso em Gaza, em tanta crueldade, nas crianças metralhadas, nos bombardeios de escolas e hospitais. Quanta crueldade. Rezemos para que no Natal haja um cessar-fogo em todas as frentes de guerra, na Ucrânia, na Terra Santa, em todo o Oriente Médio e em todo o mundo”, disse o pontífice argentino ao final da oração dominical do Angelus.
O papa Francisco denuncia o genocídio do povo palestino, cometido pelo Estado colonial e racista de Israel, que se dedica ao assassinato cruel de mulheres e crianças.
— Breno Altman (@brealt) 24 de dezembro de 2024
O papa Francisco já havia expressado sua indignação com a morte de sete crianças da mesma família em Gaza, conforme anunciado pela Defesa Civil do território. “Ontem (sexta-feira) bombardearam crianças. Não é a guerra, é uma crueldade. E quero dizer porque é algo que me comove”, afirmou o papa durante uma audiência com membros da Cúria, o governo da Santa Sé.
As declarações do pontífice geraram reação imediata por parte de Israel. O Ministério das Relações Exteriores classificou os comentários como “particularmente decepcionantes” e disse que estão “desconectados do contexto real e concreto da luta de Israel contra o terrorismo jihadista.”
A nota oficial acrescentou: “Já chega de duplas morais e de apontar o dedo para o Estado judeu e seu povo.” A diplomacia israelense também declarou que “a crueldade é que terroristas se escondam atrás de crianças enquanto tentam assassinar crianças israelenses.”
As críticas recentes do papa a Israel sugerem uma mudança de tom em seu discurso, distanciando-se de uma postura tradicionalmente neutra.
Em novembro, Francisco já havia denunciado a “prepotência do invasor” na Ucrânia e na Palestina, poucos dias após a publicação de um livro no qual questionava se a situação em Gaza poderia ser enquadrada como genocídio sob uma análise técnica. Além disso, em setembro, o papa criticou o uso “imoral” da força no Líbano e em Gaza.