Papa afaga conservadores ao defender família heterossexual e rejeitar aborto

O papa Leão XIV, primeiro pontífice norte-americano da história, afirmou nesta sexta-feira (16) que a família deve ser baseada na união estável entre um homem e uma mulher. Ele também reforçou a posição da Igreja Católica em defesa da vida, destacando a dignidade de bebês ainda não nascidos e de idosos, considerados por ele como criaturas de Deus.

As declarações foram feitas durante a primeira audiência do novo pontífice com o corpo diplomático do Vaticano. Embora o encontro tenha sido fechado à imprensa, o texto do discurso foi divulgado oficialmente pela Santa Sé.

A fala é vista como um gesto à ala mais conservadora da Igreja e reafirma os princípios contrários ao aborto e à eutanásia. Segundo Leão XIV, a paz – tema central de seu pontificado – começa com o fortalecimento da família tradicional e com o respeito à dignidade humana, especialmente dos mais vulneráveis.

“Cabe aos governos construir sociedades pacíficas, sobretudo investindo na família, fundamentada na união estável entre um homem e uma mulher”, disse o papa. Ele também destacou que “ninguém está isento da responsabilidade de garantir respeito à dignidade de cada pessoa, desde os não nascidos até os idosos, dos doentes aos desempregados, cidadãos e imigrantes”.

A audiência com embaixadores faz parte do protocolo diplomático após a eleição papal e antecede a missa de instalação oficial, marcada para domingo (18). A Santa Sé mantém relações diplomáticas com mais de 180 países e tem status de observador na ONU.

Leão XIV, que pertence à ordem agostiniana, assumiu o papado em 8 de maio. Em sua primeira aparição pública na sacada da Basílica de São Pedro, saudou os fiéis com uma mensagem clara: “A paz esteja com todos vocês”. Desde então, tem enfatizado a diplomacia, o diálogo inter-religioso e o combate à violência como pilares do seu pontificado.

No discurso desta sexta, ele também alertou que a paz vai além da ausência de guerra. “Paz é um dom que exige esforço. Não se trata apenas de silenciar armas, mas de moderar palavras, pois palavras também ferem e matam”, afirmou.

Embora siga a doutrina tradicional da Igreja, o novo papa assume o cargo após um período marcado por esforços de inclusão de grupos marginalizados. Durante o pontificado de Francisco, houve uma aproximação com a comunidade LGBTQIA+, mesmo sem mudanças doutrinárias.

Leão XIV, que já criticou o estilo de vida homossexual no passado, reconheceu em anos recentes o chamado do papa Francisco por uma Igreja mais acolhedora, embora siga defendendo os princípios tradicionais da fé católica.