Pandemia e internet

por Izaías Almada

        O primeiro quarto do século XXI, tudo indica, foi escolhido para redefinir os passos do capitalismo, a essa altura mais do que selvagem, e “organizar” um novo tipo de comunicação: a “comunicação digital”.

        A tela do computador ou do celular, o teclado de ambos; as notícias verdadeiras ou falsas, de preferência as falsas… E estamos conversados.

        Juntem-se a isso, no nosso caso, os quinhentos e vinte e cinco anos de desconhecimento da história do Brasil, seja de quem aprende e, em muitos casos, até de quem ensina e tem-se a construção de um cenário perfeito para a exploração do trabalho pelo capital.

        E tudo isso deve ter uma aparência normal baseada na configuração e prática dos direitos constitucionais e na independência dos poderes constituintes: executivo, legislativo e judiciário.

        E também umas pitadas de “livre expressão do pensamento” e “liberdade de imprensa” e temos o cenário da hipocrisia e da ganância muito bem estruturado para a geopolítica do “quanto mais rico melhor”. Quem tem muito dinheiro, forças armadas bem treinadas e armas atômicas, domina. Quem não tem, que se lixe…

        Não estou dizendo nada que pessoas minimamente bem informadas não saibam…

        As redes sociais se transformam dia a dia em verdadeiro palco, onde palhaços e acrobatas procuram distrair a plateia, antes de ver o circo pegar fogo. E esta é a questão que se coloca no nosso cotidiano: quando o circo irá pegar fogo?

        A terceira guerra mundial vem por aí? Tudo indica que sim. E nesse quesito é bom lembrar que as duas primeiras começaram com acontecimentos que, embora trágicos e violentos, estão longe dos acontecimentos na Ucrânia e na Faixa de Gaza.

        O novo e rápido dicionário eletrônico Google fala desses acontecimentos:

        – Primeira Guerra (1914-1918): “O Atentado de Sarajevo, em que o herdeiro do trono da Áustria-Hungria, Francisco Ferdinando, e sua esposa, Sofia, foram assassinados por um militante sérvio é considerado o acontecimento que deflagrou o conflito”.

        – Segunda Guerra (1939-1945): “A invasão da Polônia foi iniciada na madrugada de 1º de setembro 1939. A justificativa alemã para a invasão foi um suposto ataque polonês contra posições alemãs na fronteira. Esse ataque polonês foi encenado por tropas alemãs na chamada Operação Himmler”.

        Se pensarmos apenas no genocídio da Faixa de Gaza, onde Netanyahu prova que aprendeu bem a lição de Hitler e seus soldadinhos de chumbo, a terceira guerra já pode estar em curso e nós ainda não percebemos.

        A pandemia covidiana ajudou a nova comunicação digitalizada, pois foi capaz de colocar bilhões de pessoas em suas casas, impedindo-as do contato pessoal, da conversa olho no olho, dos sorrisos e abraços em acontecimentos sociais, do cumprimento com as mãos.

        As redes sociais, recheadas de mentiras e “reels” e distribuindo o bombom da mediocridade às mentes de QI abaixo de 50 completa o quadro de um mundo à beira de uma calamidade inimaginável.

Izaías Almada é romancista, dramaturgo e roteirista brasileiro nascido em BH. Em 1963 mudou-se para a cidade de São Paulo, onde trabalhou em teatro, jornalismo, publicidade na TV e roteiro. Entre os anos de 1969 e 1971, foi prisioneiro político do golpe militar no Brasil que ocorreu em 1964.

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Last Update: 21/03/2025