Em janeiro de 2008, uma mobilização popular massiva resultou na fuga de aproximadamente 750 mil palestinos – quase metade da população da Faixa de Gaza à época – que romperam a fronteira com o Egito, escapando do sufocante e criminoso bloqueio imposto pela ditadura sionista de “Israel”. Organizada pelo partido revolucionário Hamas, a ação não apenas desnudou a brutalidade do imperialismo no Oriente Médio, mas também reafirmou a inquebrantável vontade de luta do povo palestino contra a ocupação colonial.
A Faixa de Gaza havia sido sistematicamente transformada em um verdadeiro cárcere a céu aberto pelas forças de ocupação de “Israel”. A política sionista de bloqueio, implementada e intensificada de forma criminosa, tinha como objetivo declarado a aniquilação econômica e social da população palestina. Alimentos, combustíveis, medicamentos, materiais de construção e qualquer bem essencial eram negados de forma sistemática, transformando a vida cotidiana em um inferno. As condições de saúde pioravam dramaticamente, a infraestrutura básica se desmantelava e a economia era estrangulada, levando os palestinos ao limite da sobrevivência humana.
Esta não era uma consequência acidental, mas uma política deliberada de genocídio lento, articulada pelo israelense para quebrar a moral e a capacidade de resistência do povo palestino. Foi nesse cenário de desespero imposto que o partido Hamas, liderança fundamental e legítima da Resistência Palestina, tomou uma medida decisiva e ousada. Em 23 de janeiro, barreiras físicas ao longo do muro fronteiriço com o Egito foram deliberadamente rompidas em 17 pontos estratégicos.
A ruptura da fronteira desencadeou um êxodo massivo e, ao mesmo tempo, uma organizada operação de aquisição de suprimentos. As cenas de multidões ávidas por suprimentos, alguns em veículos improvisados, outros a pé, cruzando a fronteira em busca de bens essenciais, eram um testemunho contundente da crueldade do cerco e da urgência da libertação.
Desde sacos de farinha e galões de combustível até caixas de medicamentos e materiais para reconstruir as casas devastadas pela agressão de “Israel”, o povo de Gaza se movia em um esforço coletivo para suprir o que lhes era negado. A ditadura sionista velada do Egito, pega de surpresa pela magnitude da mobilização popular, foi incapaz de conter o fluxo revolucionário, que se estendeu por quase duas semanas, revelando ao mundo a realidade da política monstruosa do sionismo.
A resposta da entidade sionista à fuga em massa foi a mais escancarada prova de sua natureza criminosa e de seu alinhamento com o imperialismo. Relatos da época apontaram que líderes de “Israel” expressaram abertamente “satisfação” com o evento.
Essa “satisfação” não era gratuita, mas consequência das ações do regime israelense. “Israel” tentava transferir o “problema” palestino para o Egito e, assim, avançar em seu plano de limpeza étnica, com vistas à ocupação do território palestino.
As subsequentes “negociações” para uma solução duradoura na passagem de Rafá, envolvendo o Egito, a colaboracionista Autoridade Palestina e o imperialismo europeu, foram um fracasso previsível. A intransigência de “Israel”, aliada à cumplicidade dos demais participantes das negociações, impediu qualquer avanço significativo que pudesse aliviar o sofrimento palestino, consolidando a manutenção do cerco criminoso.
Em 3 de fevereiro, a fronteira foi novamente selada, tanto pelo Hamas quanto pelas autoridades egípcias. O episódio de 2008, contudo, é um marco indelével na história da Resistência Palestina e um importante episódio de demonstração da política genocida de “Israel”.