Testemunhas oculares e autoridades locais da Palestina acusam Israel de promover um banho de sangue na Faixa de Gaza. Um bombardeio israelense no último sábado (14) matou ao menos 45 palestinos e feriu mais de 200 civis que buscavam alimentos em um ponto de distribuição entre Rafah e Khan Yunis.
Segundo a Defesa Civil Palestina, drones e tanques abriram fogo contra a multidão. O Hospital Nasser, em Khan Yunis, superlotado, recebeu dezenas de feridos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou os relatos e cobrou explicações de Israel.
O Exército de Israel afirmou que uma van de ajuda ficou presa na área e que uma multidão se aproximou de seus soldados. Disse ainda estar investigando o caso e lamentou “danos a pessoas não envolvidas”. Nenhuma explicação concreta foi apresentada para o número de vítimas.
O episódio expõe o fracasso do novo sistema de distribuição de ajuda, entregue à Fundação Humanitária de Gaza (GHF), criada com apoio dos Estados Unidos. O modelo concentra a entrega de suprimentos em centros protegidos por tropas israelenses, a fim de impedir que o Hamas se aproprie dos suprimentos de ajuda. A ONU critica o modelo como inadequado, perigoso e parcial.
A guerra já deixou mais de 50 mil mortos, incluindo cerca de 17 mil crianças, e aprofundou o colapso humanitário na Faixa de Gaza. Israel segue justificando os ataques como parte do combate ao Hamas e, agora, também ao Irã.
Em paralelo, o assessor especial da Presidência, Celso Amorim, alertou nesta semana que a escalada do conflito entre Israel e Irã serve para desviar o foco da tragédia humanitária em Gaza e atrapalhar os esforços por um acordo de paz.
Amorim destacou que até uma conferência internacional prevista na ONU para discutir o reconhecimento do Estado palestino precisou ser adiada. “Além das mortes, esses efeitos colaterais são altamente prejudiciais à paz na região”, afirmou.
O Brasil, que poderia co-presidir um dos grupos de trabalho da conferência, mantém posição de condenação aos ataques israelenses ao Irã, conforme nota oficial do Itamaraty.
Leia também: