
Por Ottilia Ferey, publicado na RFI
As críticas às políticas de Donald Trump têm aumentado e, em vários países, há movimentos que pedem um boicote aos produtos dos Estados Unidos. Esse é particularmente o caso da Suécia, onde a prática conta com a adesão de um número cada vez maior de pessoas.
Em uma pesquisa recente, 78% dos suecos disseram que estavam prontos para boicotar os produtos norte-americanos. Mas muitos já começaram a seguir a onda do boicote aos EUA, como conta o sueco Hakan Jörgensen.
“Fui às compras mais cedo e não comprei nenhum creme dental Colgate, por exemplo. Nunca mais comprarei jeans Levi’s ou tênis Nike. Acho que é justo não escolher produtos norte-americanos no supermercado. Talvez eu não use as palavras de Trump e diga ‘Make Europe great again’, mas a Europa pode fazer a diferença em termos de poder, deixando os Estados Unidos de lado e se concentrando em si mesma, em nós, os europeus”, defende.
Na Noruega, a Haltbakk Bunkers, um dos maiores fornecedores de combustível do país, anunciou que deixará imediatamente de abastecer embarcações navais dos Estados Unidos. Essa decisão foi tomada após as declarações feitas recentemente pelo presidente dos EUA, Donald Trump, e seu vice-presidente, vistas como uma afronta ao presidente ucraniano Volodymyr Zelensky durante uma reunião na Casa Branca, na sexta-feira (28).
Por mais radical que possa parecer, esse anúncio é apenas um dos muitos nos países nórdicos, onde o movimento de boicote às marcas norte-americanas está ganhando força. Nas últimas semanas, vários grupos surgiram no Facebook, listando os objetos e serviços a serem colocados na lista de produtos norte-americanos a serem evitados. “Embora o impacto dessa ação ainda seja difícil de avaliar, os participantes esperam inspirar uma mobilização mais ampla em nível europeu, capaz de fazer as empresas americanas tremerem”, reporta o jornal Le Monde.
Nos grupos do Facebook que pedem um boicote aos produtos e serviços norte-americanos no norte da Europa, os comentários do presidente da Haltbakk Bunkers, Gunnar Gran, foram aplaudidos. Com mais de 48.000 membros, o grupo dinamarquês “Boycott varer fra USA” foi criado em 3 de fevereiro. No dia anterior, o vice-presidente americano, J. D. Vance, havia descrito a Dinamarca como um “mau aliado”, provocando indignação entre os dinamarqueses, depois que a primeira-ministra, Mette Frederiksen, se recusou a ceder a Groenlândia aos Estados Unidos.

“Veja os números da Tesla, eles estão em queda livre”
No espaço de uma semana, mais de 33.000 suecos se juntaram a um grupo do Facebook pedindo um boicote aos produtos norte-americanos. Entre eles está Reidar Svedahl. “Mais cedo, eu estava com fome e passei de bicicleta pelo McDonald’s, mas nunca mais colocarei os pés lá. A única coisa que Trump, Vance e Musk entendem é a economia. Portanto, nós, suecos e europeus comuns, todos os europeus, temos que mostrar a eles que isso vai prejudicar a economia deles. Veja os números da Tesla, eles estão em queda livre. Um boicote pode funcionar”, garante.
Na Suécia, onde o Model Y da Tesla foi o carro mais popular comprado em 2024, as vendas do fabricante norte-americano liderado por Elon Musk caíram 44% em janeiro em comparação com 2024. Na Noruega, o mercado histórico da marca, as vendas caíram 38% e 70% em fevereiro.
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