
Por Felipe Borges
Pragmatismo Político
A chef de cozinha e apresentadora Bela Gil se manifestou com indignação após declarações do padre Danilo César, da Paróquia de São José, em Areial (PB), que debochou da fé de sua irmã, Preta Gil (1974–2025), e atacou diretamente religiões de matriz africana. Durante uma missa realizada no último domingo (27), o sacerdote ironizou uma homenagem feita por Gilberto Gil no velório da filha, referindo-se aos orixás cultuados pela artista.
“Cadê esses orixás que não ressuscitaram Preta Gil? Já enterraram?”, questionou o padre, em tom sarcástico, no púlpito da igreja. O momento foi registrado em vídeo e circulou nas redes sociais, gerando forte repercussão e acusações de intolerância religiosa. “É cada absurdo que a gente precisa ouvir… Seu padre desrespeitoso!”, escreveu Bela Gil nos Stories do Instagram, em resposta às falas do religioso.
Ainda durante o sermão, o padre Danilo César afirmou que desejava “que o diabo levasse” os cristãos que buscassem “coisas ocultas”. “No dia seguinte, quando acordar com calor no inferno, você não sabe o que vai fazer”, declarou. Após a repercussão negativa, o vídeo da missa foi apagado do canal oficial da paróquia no YouTube e o perfil pessoal do sacerdote no Instagram foi desativado.
A Diocese de Campina Grande, responsável pela paróquia, divulgou uma nota oficial na quarta-feira (30). No comunicado, a instituição afirmou que tem princípios que não martirizam outras religiões e que o padre prestará esclarecimentos por meio de assessoria jurídica. Leia a nota na íntegra:
“A Diocese de Campina Grande, representada por seu Bispo Dom Dulcênio Fontes de Matos, informa que tomou conhecimento da pregação feita pelo Padre Danilo César, na Paróquia de São José, em Areial (PB), no último domingo, 27 de julho, bem como da repercussão nas redes sociais e na imprensa.
O sacerdote, através da assessoria jurídica, vai prestar todos os esclarecimentos necessários aos órgãos competentes.
A Diocese reitera seu compromisso com os direitos constitucionais da liberdade de crença e de culto, da igualdade e não discriminação religiosa, do direito à honra e à imagem dos mortos e do princípio da dignidade da pessoa humana.
A Igreja Diocesana de Campina Grande reitera seu papel na sociedade, conforme o ordenamento jurídico brasileiro, cumprindo sua missão de anunciar o Evangelho de Jesus Cristo.”
ABSURDO, esse padreco usando a morte de Preta Gil para cometer crime de intolerância religiosa.
"Cadê esses orixás que não ressuscitaram Preta Gil?"
Padre Danilo César pic.twitter.com/4iyBxkO1Ou— Claudio Sem Acento (@claudiopedrosa8) July 30, 2025
Preta Gil faleceu em 17 de julho, aos 50 anos, após enfrentar complicações decorrentes de um câncer. Ao longo da vida, manteve uma relação pública e respeitosa com o Candomblé, religião que sempre integrou sua identidade cultural e espiritual. A manifestação do padre foi amplamente criticada por artistas, ativistas e representantes de movimentos religiosos e civis, que denunciaram o episódio como exemplo explícito de intolerância religiosa — prática tipificada como crime no Brasil desde 1997.
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