Padre ligado ao presidente é investigado pela PF por criar oração que apoiava golpe contra o Estado

Padre bolsonarista José Eduardo de Oliveira e Silva
Padre bolsonarista José Eduardo de Oliveira e Silva

O relatório da investigação da Polícia Federal sobre a tentativa de golpe de Estado em 2022, liderada por Jair Bolsonaro e aliados, revela que o padre José Eduardo de Oliveira e Silva, de Osasco, colaborou na elaboração da minuta e criou uma oração pedindo que os brasileiros incluíssem os nomes de 17 generais e do ministro da Defesa em suas preces.

O padre é citado como integrante do núcleo jurídico do esquema. Os investigadores encontraram evidências de que ele manteve contato com Filipe Martins, ex-assessor de Bolsonaro preso em fevereiro, e Amauri Feres Saad, advogado citado na CPI dos Atos Golpistas como “mentor intelectual” da minuta encontrada com Anderson Torres, ex-ministro da Justiça.

A proximidade entre os três é demonstrada em uma série de mensagens trocadas pelo WhatsApp e por e-mails. Além disso, o padre tinha os contatos de Filipe e Amauri salvos no celular. Também foi encontrada uma foto publicada nas redes sociais do padre com Filipe Martins.

Outra evidência apontada no relatório é que o padre esteve em Brasília em novembro e dezembro de 2022, passando pelo comitê de campanha de Bolsonaro e também pelo Palácio da Alvorada.

Segundo a PF, o padre esteve em uma reunião em 19 de novembro de 2022 com Filipe e Amauri, como indicam os controles de entrada e saída do Palácio do Planalto.

O encontro, segundo o inquérito da PF, fazia parte de uma série de discussões convocadas por Bolsonaro para tratativas com militares de alta patente sobre a instalação de um regime de exceção constitucional.

A PF também aponta que o padre enviou, em 25 de novembro de 2022, um e-mail com um arquivo nomeado “Saad-Artigo 142.pdf”. O documento enviado em anexo remete a um artigo acadêmico produzido por Amauri.

“Em síntese, o artigo aborda a aplicação do Artigo 142 da Constituição Federal de 1988 como um mecanismo para enfrentar crises constitucionais, conferindo ao Presidente da República amplos poderes em situações extremas que ameacem a ordem constitucional. No contexto dessas crises, o Presidente poderia usar as Forças Armadas para garantir a lei, a ordem e o funcionamento adequado dos poderes constitucionais”, diz trecho do documento que consta no relatório da investigação.

ORAÇÃO AO GOLPE

O relatório da PF também relata que o padre José Eduardo encaminhou uma mensagem em 3 de novembro, via WhatsApp, para um contato salvo como “frei Gilson”.

A mensagem é uma espécie de “oração ao golpe” em que o padre pede para que todos os brasileiros incluam generais e o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, nas orações, “pedindo para que Deus lhes dê a coragem de salvar o Brasil, lhes ajude a vencer a covardia e os estimule a agir com consciência histórica e não apenas como funcionários públicos de farda (…)”.

“A mensagem demonstra que José Eduardo, logo após a derrota de Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais, já disseminava a ideia de um golpe de Estado apoiado pelas Forças Armadas, para manter o então presidente no poder e impedir a posse do governo eleito”, aponta o relatório.

Em outra mensagem, José Eduardo pede que a mensagem seja repassada apenas para “pessoas de estrita confiança” de frei Gilson.

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