O Ministério Público de São Paulo solicitou à Polícia Federal a abertura de um inquérito para investigar o candidato Pablo Marçal (PRTB) por possíveis crimes eleitorais contra seu adversário Guilherme Boulos (PSOL) na corrida pela Prefeitura de São Paulo. A decisão foi tomada pelo promotor eleitoral Nelson dos Santos Pereira Junior, que acatou o pedido da campanha de Boulos e identificou “indícios de prática de crimes eleitorais” nas atitudes de Marçal.
Antes do primeiro debate, promovido pela TV Bandeirantes, o bolsonarista afirmou que usaria a oportunidade para dizer quais seriam os candidatos “cheiradores de cocaína”. No dia do embate, ele reforçou a insinuação sem prova se referindo a Boulos com um gesto que indicava a prática de consumir a droga.
A campanha de Marçal usou esse momento para criar “cortes” do debate e disseminá-los nas redes sociais, o que levou a Justiça a conceder uma liminar para impedir a circulação desse tipo de conteúdo. No entanto, novas versões dos “cortes” continuaram a ser divulgadas, obrigando a Justiça a ampliar a liminar.
A peça produzida pelo Ministério Público aponta que as acusações do candidato de extrema-direita não são apenas um ataque à honra de Boulos, mas configuram um crime eleitoral, pois “têm o potencial de enganar e influenciar uma gama enorme de pessoas que eventualmente teriam no noticiante uma referência e um provável escolhido para a votação de outubro”.
Segundo o promotor, a gravidade das acusações sem provas exige uma investigação rigorosa para determinar se houve a intenção de prejudicar o adversário de forma ilegal.
Depois faz isso.
🤦🤦🤦🤦🤦🤦 pic.twitter.com/pWboC5GNQy— Rogério Viana (@rogeriov_passos) August 9, 2024
Os ataques do bolsonarista não se limitaram ao debate da TV Bandeirantes. Em outro confronto, promovido por Estadão/FAAP e Terra, o candidato do PRTB voltou a fazer insinuações semelhantes, intensificando a campanha negativa contra Boulos. Em resposta, o psolista comparou o adversário ao Padre Kelmon, figura bolsonarista quase folclórica que concorreu à presidência em 2022, enquanto Marçal provocou, afirmando que seu rival “nunca trabalhou na vida”.
Em resposta, o deputado federal listou suas experiências como professor e ironizou a ocupação do candidato de extrema-direita como “coach”, lembrando que ele também tentou, sem sucesso, se eleger ao mesmo cargo. “Até ser deputado federal, coisa que você tentou e não conseguiu, eu estava dando aulas na PUC”, afirmou Boulos.
“É indignante você ver esse sujeito que não tem limite. O cara vem aqui, inventa uma mentira sobre drogas, fala do pai da Tabata em outra ocasião. Não tem limite ético, não tem limite moral, é uma pessoa rebaixada. Fico em dúvida se você é só um mau caráter ou se é um psicopata. Você vem aqui inventar coisas para lacrar nas redes sociais, é viciado em mentir, impressionante”, disse Boulos, indignado.