Na manhã do último dia 21, uma manifestação pacífica na galeria da Câmara Municipal de Belém foi covardemente interrompida pelo filho do vereador bolsonarista Zezinho Lima (PL). A manifestação tratava de denunciar o genocídio que sofre o povo palestino por parte do Estado sionista de Israel, onde recentes bombardeios mataram crianças, mulheres e profissionais da saúde de um hospital na Faixa de Gaza. Os manifestantes simplesmente portavam algumas faixas e bandeiras pró-Palestina, quando o filho do vereador Zezinho adentrou na galeria com três seguranças particulares, um deles encapuzado.
O filho do vereador, chamado Mauro, usou uma câmera de celular para filmar de forma provocativa o rosto dos manifestantes, alguns deles do PSTU e da CSP-Conlutas, como Well Macêdo, ex-candidata a prefeitura de Belém nas últimas eleições, quando seguranças particulares começaram a agredir com empurrões as pessoas no recinto, o que gerou um tumulto provocado pelo garoto.
A dirigente da executiva estadual da CSP-Conlutas, Rosi Pantoja, chegou a cair com os empurrões dos seguranças. Outro manifestante foi segurado pelos seguranças da Câmara e colocado para fora da galeria a força, apesar de nada ter feito para receber essa agressão. Vereadoras do PSOL também foram agredidas com empurrões, enquanto ninguém havia tocado no garoto, que ria de forma debochada das agressões covardes cometidas pelos seus seguranças.
Em vídeo postado em suas redes sociais, o vereador Zezinho Lima afirma, de forma mentirosa, que duas mulheres, vereadoras do PSOL, agrediram “verbalmente” o seu filho e fez um boletim de ocorrência por “intolerância religiosa”. O filho do vereador afirma que se sentiu ofendido por “xingarem as minhas origens, o meu país e a minha religião”. Ao final, o bolsonarista afirma: “vamos mostrar para vocês, suas feministas, que aqui tem macho! Doa a quem doer”, numa clara intimidação e ameaça às mulheres.
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O “machão” contra mulheres
Zezinho Lima é um político de carreira de longa data, já foi secretário municipal de várias prefeituras do interior do Estado, sendo a última de Ananindeua, com Manoel Pioneiro, prefeito denunciado por corrupção e compra de votos. Já foi presidente estadual do Avante, partido do Centrão que compõe atualmente a base de apoio do governo Lula. Zezinho, atualmente no PL, foi vereador de Ananindeua na legislatura passada e acumulou várias polêmicas, inclusive por intolerância religiosa contra religiões de matriz africana. Em 2024, também foi denunciado pelo Ministério Público do Estado do Pará por promover discurso de ódio e intolerância contra a comunidade LGBTQIA+ em suas redes sociais.
Contudo, é nas várias denúncias de agressão à mulheres que o vereador mais tem se destacado. Segundo o portal “Alma Preta”, o vereador já foi condenado pela Lei Maria da Penha por denúncia de sua ex-companheira. A Justiça do Estado chegou a determinar medida protetiva para proteger a integridade física dela. Segundo o portal, em dezembro de 2023, havia cerca de 49 processos que citam o vereador no JusBrasil, o que incluiria denúncias envolvendo violência doméstica, ameaças, pedidos de medida protetiva, descumprimento de medida protetiva, calúnia, difamação e injúria.
Em 2023, num protesto protagonizado por mulheres na Câmara Municipal de Ananindeua, o vereador declarou na tribuna: “Essas mulheres vieram aqui com atitude completamente desrespeitosa. Eu não sei se elas estão desde ontem no Arraial do Pavulagem, sem dormir, fumaram aquela maconha, típico de militantes do PSOL”, numa atitude completamente preconceituosa e misógina com as mulheres que cobravam apuração de casos seguidos de feminicídio que acometiam a Região Metropolitana de Belém naquele período.
Neste ano, em consonância com o prefeito Igor Normando (MDB), o vereador, cuja renda mensal chega em torno de quase 25 mil reais, foi autor do projeto de lei que extinguiu o programa “Bora Belém” que beneficiava famílias de baixa renda, atingindo principalmente mulheres -mães da periferia da cidade. O vereador se coloca como “machão” contra mulheres, pobres e trabalhadoras, mas contra ricos e poderosos nenhum pio, típico de covardes da extrema direita bolsonarista. Seu filho, que foi empregado como assessor de outros vereadores, segue por este mesmo rumo. Mas ao contrário do que ele pensa, nenhuma de nós vai se intimidar. Zezinho, aqui tem mulher, da classe trabalhadora, que luta contra o machismo, o racismo e a exploração capitalista: DOA A QUEM DOER!
O que foi a ação na Câmara Municipal?
O grupo “Luta por Palestina Livre”, em parceria com mandatos de vereadoras, marcou uma ação simbólica para entrega de uma carta de exigências para que os vereadores de Belém se posicionassem contra o genocídio do povo palestino. A ação remete a um dia trágico ao povo palestino, chamado “Nakba” (desastre), mundialmente lembrado no dia 15 de maio, quando teve início o processo de limpeza étnica de palestinos de seu território, com a fundação do Estado de Israel, em 1948.
A luta em solidariedade e apoio ao povo palestino não é contra nenhuma religião, mas pelo direito deste povo existir e continuar vivendo em suas terras, o que não é possível pela ação do Estado sionista de Israel desde que ele foi fundado pela Organização da Nações Unidas (ONU), com o voto da ex-União Soviética stalinista diga-se de passagem, a partir dos interesses das nações imperialistas. Neste momento, milhares de palestinos estão sendo expulsos de suas terras, quando não exterminados pelo exército sionista, comandado por Benjamim Netanyahu, que responde por crimes de guerra pelo genocídio contra o povo palestino.
O Estado de Israel é um dos países mais armados e com potencial bélico do mundo, enquanto que a Palestina sequer exército regular possui, por isso que não se trata de uma guerra, mas de um processo de genocídio que se intensificou a partir de outubro de 2023 com os bombardeios e depois invasão de tropas terrestres na Faixa de Gaza. Já são mais de 70 mil palestinos mortos, o que inclui mulheres e crianças.
Por isso, o PSTU defende o fim do Estado de Israel e uma Palestina laica e livre de toda forma de opressão.
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