O deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ), derrotado na eleição para a liderança da Frente Parlamentar Evangélica (FPE), responsabilizou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo resultado. Na última terça-feira (25), os integrantes da bancada evangélica no Congresso elegeram Gilberto Nascimento (PSD-SP) para a presidência.
Pastor da Assembleia de Deus de Madureira, o emedebista enfrentou forte oposição de Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, que o acusou de ser o “mais novo comunista gospel” devido à sua aproximação com o governo Lula (PT).
Otoni afirmou que a campanha contra ele marcou seu rompimento definitivo com Bolsonaro. “Foi a eleição do medo. Eu fui o cara mais aliado do Bolsonaro. Mas, por pensar diferente, fui eleito inimigo e adversário dele. E aí os outros deputados pensam: imagina o que vai ser de mim”, declarou à revista Veja, sugerindo que colegas votaram em Nascimento por pressão política.
Desde a eleição municipal, quando apoiou a reeleição de Eduardo Paes (PSD) contra Alexandre Ramagem (PL), Otoni se tornou alvo de ataques bolsonaristas. Ex-vice-líder do governo Bolsonaro, ele passou a se definir como ex-bolsonarista.
Em outubro de 2023, encontrou-se com Lula no Palácio do Planalto e teceu elogios ao presidente petista, aprofundando seu afastamento do clã Bolsonaro. “A ameaça [de Bolsonaro] está clara quando ele fala que, ao votar no Otoni, o deputado dá um voto de traição. E, nesse caso, terá que pedir, em 2026, votos para Lula e não para ele”, afirmou o deputado.
Na semana passada, Otoni chegou a publicar um vídeo em defesa de Bolsonaro no caso da denúncia de tentativa de golpe feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR), mas agora garante que não repetiria o gesto. “Nunca mais Bolsonaro terá minha solidariedade para nada”, disparou.
Apesar do rompimento com Bolsonaro, Otoni nega qualquer proximidade com Lula. “Meu candidato, até então, podia ser Bolsonaro. Mas me mantenho com Ronaldo Caiado. Foi sacanagem o que fizeram. Tenho amor próprio”, declarou.
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