A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) avalia um plano para ampliar significativamente os investimentos em defesa dos países-membros, com a meta de atingir 5% do Produto Interno Bruto (PIB) de cada nação. A decisão será discutida durante a cúpula da aliança marcada para os dias 24 e 25 de junho, em Haia, segundo anunciou o secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, nesta segunda-feira (23).
Durante entrevista coletiva concedida na véspera do encontro, Rutte informou que os líderes da aliança devem assumir compromissos para reforçar a estrutura de segurança coletiva.
“Os líderes aliados assumirão posições ousadas para fortalecer nossa defesa coletiva, tornando a Organização do Tratado do Atlântico Norte [OTAN] uma aliança mais forte, justa e letal. Isso incluirá um novo e importante plano de investimento em defesa, elevando o patamar de investimento em defesa para 5%”, afirmou o secretário-geral.
De acordo com Rutte, a execução da meta será acompanhada por meio de relatórios anuais e uma avaliação geral está prevista para 2029. O resultado do monitoramento servirá de base para eventuais ajustes, conforme o cenário geopolítico global.
“Em 2029, a Aliança Atlântica resumirá os resultados, levando em consideração a situação geopolítica e, possivelmente, até mesmo aumentar os gastos com defesa”, explicou Rutte.
A proposta representa um avanço em relação à meta atual de 2% do PIB, definida em 2014 como referência mínima de investimento em defesa para os países que integram a OTAN. A nova meta de 5% tem sido debatida em função de ameaças crescentes em diferentes regiões do mundo e da pressão por maior autonomia estratégica entre os aliados.
Rutte destacou também que a situação no Oriente Médio estará entre os principais temas da agenda da cúpula. A preocupação cresceu após os ataques realizados por Israel contra o Irã na semana anterior, elevando o risco de instabilidade regional.
Na sexta-feira (20), durante um evento em Estocolmo, Rutte comentou que diversos países-membros da OTAN atuam individualmente para conter a escalada no Oriente Médio. “É obviamente uma situação em rápida evolução; esta foi uma ação unilateral de Israel, então acredito que agora é crucial que muitos aliados, incluindo os Estados Unidos, trabalhem neste momento para apaziguar o conflito. Eu sei que eles estão fazendo isso”, declarou.
Indagado sobre a possibilidade de os ataques israelenses ao Irã estarem aproximando o cenário global de um conflito nuclear ou de uma guerra em escala mundial, o secretário-geral minimizou os riscos. Segundo ele, o envolvimento direto da OTAN está descartado, o que reduz a chance de ampliação do conflito.
“A OTAN não está se envolvendo como uma aliança, porque está realmente se concentrando na região Euroatlântica, mas obviamente os aliados da OTAN estão muito envolvidos para garantir que o conflito seja dissipado o mais rápido possível”, disse.
A cúpula de Haia será a primeira reunião da aliança desde que os Estados Unidos autorizaram ataques a alvos nucleares iranianos, e ocorre em meio a uma série de tensões também no leste europeu, com a continuidade da guerra entre Rússia e Ucrânia. A combinação desses fatores tem levado os países do bloco a discutir novas estratégias de contenção, dissuasão e preparo para cenários de instabilidade prolongada.
Entre os itens da pauta da reunião estão o fortalecimento das capacidades de defesa aérea, aumento do efetivo de forças conjuntas e revisão da cadeia de suprimentos militar. Também serão analisadas as contribuições individuais dos membros e o cumprimento dos compromissos assumidos nas cúpulas anteriores.
A possível elevação para 5% do PIB em gastos com defesa é vista por analistas internacionais como um movimento que pode redefinir a estrutura de financiamento da OTAN. Caso seja aprovada, a medida exigirá revisões orçamentárias de grande escala por parte dos países-membros, além de realocação de recursos para áreas estratégicas.
O tema deve gerar debate durante o encontro, especialmente entre os países que atualmente não alcançam sequer os 2% recomendados. O cumprimento da nova meta será avaliado com base em indicadores técnicos e relatórios submetidos ao conselho da aliança até 2029.
O resultado da cúpula será acompanhado por observadores internacionais e poderá servir de indicativo para o rumo das políticas de segurança e defesa adotadas pelas principais potências ocidentais nos próximos anos. A OTAN reúne 32 países, incluindo os Estados Unidos, Canadá e grande parte das nações da Europa Ocidental e do Leste Europeu.
A declaração final da reunião de Haia deve trazer os compromissos firmados pelos líderes e os próximos passos da organização diante do atual cenário geopolítico.
Com informações da Sputnik