Eleito com 70,98% dos votos para administrar Conceição do Mato Dentro, cidade que fica a 162,1 km de Belo Horizonte, Otacílio Neto Costa Mattos (foto/reprodução internet), tem muitos planos. Do alto dos seus 29 anos, ele é o prefeito mais jovem do estado, mas garante ter os pés no chão e se diz preparado para assumir os desafios que tem pela frente. Para colocar a casa em ordem e reverter os índices baixos nas áreas de saúde, educação e melhorar a infraestrutura da cidade, ele fez uma parceria com a Fundação Dom Cabral e está levando para a cidade o conhecimento da ex-secretária de Planejamento do Governo de Minas, Renata Vilhena, para fazer um choque de gestão e preparar o município para pelo menos 10 grandes projetos. Mas as mudanças já começaram, com um Carnaval que fez a cidade histórica tremer. 

Como é que foi o Carnaval? Houve procura de turistas pela cidade? 

O nosso Carnaval foi um sucesso, a cidade ficou lotada. As pousadas e os restaurantes lotaram. Veio muito turista, gente de Ouro Preto, de Belo Horizonte, do estado inteiro, porque fizemos uma programação bem variada. Fizemos um Carnaval para família, com programação para as crianças, para os idosos, durante o dia e à noite montamos uma estrutura  no aeroporto, que virou nosso Parque de Exposições  com uma estrutura jamais vista em Conceição. Contamos com nomes nacionais, atrações como Araketu, Carla da banda Cheiro de Amor, Bartucada, Reinaldinho do Terra Samba, Lauana Prado. Proporcionamos dois carnavais. O Carnaval da tranquilidade, com os nossos atrativos naturais, todos equipados com Corpo de Bombeiros e montamos uma estrutura bem bacana e seguro para os turistas. Tivemos, também com o Carnaval da Liberdade, com a folia nas ruas e no aeroporto. Entãofizemos um Carnaval que virou referência para a região toda.

Você também é presidente de uma Associação de Prefeitos, a do Médio Espinhaço. Qual é a principal reivindicação desses prefeitos?

São municípios da nossa região. Nós assumimos a Associação com 15 municípios. Agora, tem mais quatro municípios querendo aderir. Estamos fortalecendo a região e pensamos, realmente, em trabalhar em bloco para termos mais força com o governo do Estado e com o governo federal.  Hoje temos uma luta muito grande pelo asfaltamento da MG-229, que é o trecho que liga Dom Joaquim a Senhora do Porto. Temos também uma luta muito grande como município minerador.  Estamos lutando pelo aumento da Cfem (Compensação Financeira pela Exploração Mineral), porque hoje recebemos 3,5% do bruto, recurso pago a União, estados e municípios. Para se ter uma ideia, o petróleo, por exemplo, é 10% de royalty.  Os municípios mineradores também vão ser extremamente prejudicados nessa reforma tributária, com a mudança na regra do ISS. Nós, como municípios minerários, temos um impacto social. Recebemos todo o ônus e, agora, vamos perder o bônus do ISS, porque a divisão vai ser quantificada pela quantidade de habitantes que tem cada município. Estamos trabalhando para que o Governo Federal reveja essa decisão na Câmara dos Deputados para compensar os municípios mineradores com uma mudança na Cfem, que pode, inclusive, ajudar o estado de Minas Gerais a resolver o problema da dívida com a União. É uma pauta forte que a gente está levantando.  Faço parte diretoria da Amig (Associação dos Municípios Mineradores), como membro do conselho fiscal. Já fizemos um manifesto, a carta aberta entregue ao governador, levamos para o gabinete do senador Rodrigo Pacheco, e temos uma agenda com o ministro  de Minas e Energia, Alexandre da Silveira. Tivemos com o deputado federal Diego Andrade, que também está levantando essa bandeira. Ele vai assumir a presidência da comissão de Minas e Energia no Congresso. 

Conceição do Mato Dentro é uma cidade rica, mas enfrenta problemas?

Conceição do Mato Dentro é vista como uma cidade milionária, que tem uma arrecadação muito grande, mas a situação em que assumimos a prefeitura é muito ruim. Para se ter uma ideia, o nosso atendimento na área de saúde está em último lugar no ranking da nossa regional, que é Diamantina, envolvendo 54 cidades. Então, como o município mais rico da região está em último lugar no ranking de saúde? O nosso índice do Ideb, na educação, é péssimo.  Pela quantidade da arrecadação que nós temos, encontramos uma série de problemas, inclusive, um problema sério com a Copasa. As pessoas que olham para Conceição do Mato Dentro, acham que a cidade tem muito dinheiro, mas apesar de ter muito dinheiro a gestão não foi boa. Não tenho nada contra a pessoa que estava anteriormente, pelo contrário, temos um bom relacionamento, apesar de ter sido oposição.  Não sou eu que estou falando, é o que mostram que o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). 

Como mudar essa realidade?

Precisamos fazer grandes projetos de infraestrutura para isso. Fiz uma parceria com a Fundação Dom Cabral, né? Levei a Renata Vilhena, ex-secretária de Planejamento do governo de Minas para Conceição e ela está indo lá para fazer um grande choque de gestão. Vamos fazer 40 anos em 4 para a transformar a cidade. São 10 grandes obras, 10 grandes projetos que vamos executar. Para se ter uma ideia, nós temos a arrecadação de R$ 2 milhões por dia, e temos um hospital que está sendo construído há 7 anos e foi entregue para nós com 46% da obra concluída. Nós temos um prédio da universidade que está pronto há 9 anos, que nunca foi inaugurado, e que foi uma benfeitoria do Alberto Pinto Coelho, ainda nosso saudoso governador.  Essa é a situação da nossa cidade. A cidade tem recurso, mas não teve gestão. O município tem uma arrecadação de R$ 650 milhões ano, e uma população que pelos dados do IBGE, que estão defasados, são  23.700 moradores, mas só de eleitores nós temos quase 21000. Então, hoje em torno de 30 a 35 mil habitantes.

Você é o prefeito mais novo do estado, com 29 anos. É um cargo que carrega muita responsabilidade?

É muita responsabilidade, mas eu disputei a eleição há 8 anos, com 21 anos eu perdi eleição para prefeito por 300 votos. Então, eu já me preparo há muito tempo para assumir esse desafio. Eu já tocava grandes empreendimentos no sul do Pará, negócios da minha família há muitos anos. Eu também abri minha primeira empresa com 18 anos, que foi um restaurante em Conceição, com farmácia. Então, apesar de novo, eu trabalho há muito tempo. Já tinha assumido grandes desafios no meio empresarial e eu estou muito consciente, com o pé no chão, preparado para os desafios que assumimos.

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 08/03/2025