Se você está entre aqueles que não querem luxo nem lixo, preferindo saúde para gozar no final, saiba: você não está sozinho. No ano passado, 6% dos brasileiros investiram em produtos voltados ao bem-estar sexual. Apesar da guinada conservadora, os números mostram que, na intimidade, a realidade é diferente. Tanto que o país ocupa o quinto lugar nas buscas por esses itens no Google.

No Brasil esse mercado movimenta cerca de 2 bilhões de reais, com um ticket médio de 150 reais. As mulheres representam 56% do segmento e 60% das compras são feitas online. Os números são da pesquisa Mercado Erótico 2024, do portal mercadoerotico.org. Com base neles, é possível imaginar que houve tenham sido realizados naquele ano cerca de 13,34 milhões de pedidos.

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Comparado com o mercado global, os números do Brasil ainda são modestos. Conforme a análise da Marketing Research Future, o faturamento do setor gira ao redor de 146 bilhões de dólares, com potencial para mais do que dobrar até 2034. Outros institutos de pesquisa apresentam números mais modestos, mas nunca inferiores a 85 bilhões de dólares. A diferença está nos itens que são englobados (por exemplo, os anticoncepcionais). Independente disso, é um mercado que cresce. E maior do que o faturamento total de fraldas infantis que beira 60 bilhões de dólares. A relação entre ambos fica por conta do leitor.

O mercado de medicamentos para disfunção erétil é um dos responsáveis pelo aumento dos produtos de bem-estar sexual. Ao levar homens com a dificuldade a praticar sexo, claro, a diversão vem como um brinde. Então, surge a experimentação. A empresa Global Newswire avalia que o mercado global de medicamentos nessa categoria tenha fechado em 2024 com um faturamento de cerca de 4 bilhões de dólares. E deve crescer cerca de 50% em 7 anos.

Muito além das blusinhas

No ano passado, após o Dia dos Namorados, a Data Shopee, pesquisa realizada pelo marketplace homônimo, desnudou alguns comportamentos de busca e consumo. Na época a plataforma tinha 30 mil vendedores nessa categoria. Os produtos com maiores crescimentos foram géis comestíveis (140%), lubrificantes e géis para massagem (60%) e lingerie de renda (50%).

A pesquisa também manda um recado para os mais jovens. A geração prateada está na pista. E animada. O maior crescimento por faixas etárias na busca por produtos eróticos vem de quem tem entre 55 e 64 anos: 130%. Nas faixas de 18 a 34 anos e 35 a 54 o crescimento foi de 100%.

A liberação sexual, as redes sociais e o e-commerce, com a possibilidade de comprar os produtos com total privacidade, aqueceram o setor. O comportamento sexual também ficou mais exposto e livre com os sites de relacionamento e, claro, os medicamentos para disfunção erétil. Tudo isso forma um emaranhado que interfere no comportamento e na quebra de paradigmas.

Em quais produtos essa geração mais velha investiu mais? Os consumidores de 55 a 64 anos aumentaram o consumo de preservativos em 180%. Entre os maiores de 65 anos, os lubrificantes cresceram 340% e os brinquedos eróticos mais de 260%. Os números podem causar certa surpresa. Mas é bom lembrar que enquanto há vida, há sexo. Os números só acenderam a luz.

Não existe pecado do lado de baixo do Equador

Um segmento que se também desenvolveu nos últimos anos foi o de sex shops para o público cristão. Pensando bem, nada mais natural em um país em que cerca de 86% da população se declaram assim. Aquela imagem dos casais caretas e avessos ao prazer está mudando. Se você digitar nos sites de busca, por exemplo, “sex shops evangélicos” encontrará um punhado de lojas. Alguns deles fazem um alerta que são produtos vendidos apenas para casais realmente casados e que seguem os preceitos da religião. Incentivam a intimidade no amor. Em nenhum deles, no entanto, vi a observação de que é preciso apresentar a certidão de casamento.

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Last Update: 26/02/2025