O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que assume o comando do Mercosul nesta quinta-feira 3, afirmou que o bloco protege seus membros e que deve funcionar como uma espécie de “blindagem” contra guerras comerciais externas. A declaração foi feita durante a reunião da cúpula do grupo em Buenos Aires, na Argentina, em que o brasileiro elencou cinco desafios e objetivos centrais para sua gestão.
A posição de Lula, de valorização do papel global do Mercosul, contrasta com a do presidente argentino Javier Milei, que estava na presidência rotativa do Mercosul e criticou a atuação do grupo antes de transferir o comando ao Brasil. Milei afirmou que as ações conjuntas do Mercosul “prejudicaram” a maior parte dos cidadãos.
“Se o Mercosul foi criado com a intenção de nobre de integrar as economias da região, em algum momento esse norte foi afundando e a ação comercial conjunta terminou por prejudicar a maioria dos nossos cidadãos em prol de privilegiar alguns setores”, afirmou o presidente argentino.
Durante seu discurso, Lula rebateu a tese e destacou que vem observando um crescimento no interesse de diferentes nações em estabelecer vínculos com o Mercosul. O presidente brasileiro citou que essa tendência ficou evidente através de seus encontros diretos com líderes de várias regiões do mundo.
“Estar no Mercosul nos protege. Nossa Tarifa Externa Comum nos blinda contra guerras comerciais alheias. Nossa robustez institucional nos credencia perante o mundo como parceiros confiáveis”, disse Lula. “Não é à toa que um número cada vez maior de países e blocos estejam interessados em se aproximar de nós. Atestei esse interesse pessoalmente nos contatos que mantive com líderes de diversas regiões”, afirmou, em seguida.
Desafios e objetivos
Com o Brasil assumindo a liderança do bloco pelos próximos seis meses, Lula elencou cinco desafios e objetivos centrais para sua gestão. O primeiro foco será o fortalecimento das relações comerciais tanto entre os países-membros quanto com outras nações parceiras. As demais prioridades incluem: combate às mudanças climáticas e incentivo à transição energética avanço tecnológico; luta contra o crime organizado; e defesa dos direitos dos cidadãos.
Milei dispensado
Essa é a primeira visita de Lula à Argentina desde que Milei assumiu o poder em dezembro de 2023. Embora as relações diplomáticas entre os dois países permaneçam funcionais, os presidentes ainda não realizaram um encontro bilateral formal e frequentemente trocam críticas públicas.
Durante sua estadia em Buenos Aires, Lula dispensou um encontro com o Milei e planeja se reunir com a ex-presidenta argentina Cristina Kirchner, principal adversária política do presidente de extrema-direita e que atualmente está em prisão domiciliar após condenação por corrupção.