O domínio econômico exige como estratégia de exploração dos países atrasados como o Brasil o controle da política econômica através do Banco Central. A crise econômica de 2008 persiste em 2020 quando a Covid-19 impulsionou com maior intensidade o problema recessivo mundial e a crise estrutural do domínio. No caso brasileiro, a raiz mais recente do problema econômico, desde o final da ditadura civil-militar, foi impulsionada pelo denominado “Sistema da Dívida Pública” organizado a partir do Plano Real e comandado pelo Banco Central na gestão Fernando Henrique Cardoso (FHC). O governo Bolsonaro irá na sequência transferir ainda mais recursos orçamentários do Estado para o capital financeiro (banqueiros, especuladores e demais capitalistas ávidos pelo lucro com o menor risco e custos possíveis) aproveitando o “passar a boiada” da pandemia. Entretanto, os responsáveis pela criação dessa engenharia econômica e financeira foram os ex-presidentes Itamar Franco (gestão que criou o Plano Real) e Fernando Henrique Cardoso (administrador dos 8 anos subsequentes da primeira década da destruição neoliberal) o negociador que intensificou a dilapidação do Estado brasileiro através do Sistema da Dívida Pública em parceria com o domínio e os banqueiros do caos nacional.
Há muito tempo, principalmente a partir do Plano Real durante os dois governos consecutivos de Fernando Henrique Cardoso (FHC), a economia brasileira através do chamado Plano Real segue a cartilha do neoliberalismo imposta pela globalização financeira neoliberal. O Fundo Monetário Internacional (FMI) tornou-se a principal instituição financeira do domínio, responsável por cobrar dos países atrasados, como o nosso, um plano perverso de desmanche nacional das empresas estratégicas da soberania, de todas as principais políticas públicas sociais (exceto as migalhas do bolsa família) e de infraestrutura; além do pagamento de juros escorchantes na forma da dívida pública permanente aos donos dos títulos públicos federais – “agiotas” do mercado financeiro global.
A sangria do orçamento público pela via dos juros administrados pelo Banco Central, onde os banqueiros têm cadeira cativa, funciona como uma espécie de “banco de sangue” dos banqueiros e especuladores nacionais e estrangeiros. O Banco Central, com a falácia de aumentar os juros para controlar a inflação, impulsionou a dívida pública nacional e obrigou, desde o período FHC, que o Estado brasileiro reduzisse o orçamento das políticas públicas em favor do pagamento de juros da dívida pública aos “sanguessugas” rentistas. Esses vampiros, de maneira ininterrupta, sugam os recursos orçamentários do povo brasileiro através da exigência de receberem os juros dos títulos públicos adquiridos na negociação com o Banco Central. Esse “banco de sangue” pertence, na prática, aos vampiros neoliberais do mercado financeiro que têm passe livre para receberem rentáveis juros pagos pelos cofres públicos.
A comparação entre vampiros e sanguessugas com os donos dos títulos serve para chamar a atenção de que se continuarmos ininterruptamente remunerando banqueiros e especuladores pela via do pagamento de juros da dívida pública, a sociedade brasileira, na sua maioria, não terá mais nenhuma política pública essencial como saúde, educação, previdência, obras de infraestrutura etc. O orçamento público de trilhões de reais, que originalmente pertence ao povo, está sendo sugado (transferido) para os vampiros banqueiros e especuladores, que já bilionários, continuam a beber da fonte desse “banco de sangue” (cofres públicos – onde o Tesouro Nacional é a instituição guardiã desses recursos).
Durante todo o governo Bolsonaro esse processo de transferência de recursos públicos continuou de maneira ainda mais intensa; aumentando violentamente a restrição do orçamento público para as políticas necessárias ao desenvolvimento nacional em favor do pagamento de bilhões de reais anuais aos especuladores e banqueiros do país e do exterior. Com a posse do então presidente Lula a sangria dos cofres públicos ou esse “banco de sangue” (bilhões de reais em juros pagos aos donos dos títulos da dívida pública) reservado aos capitalistas deve ser interrompido imediatamente. O governo eleito com mais de 60 milhões de votos nas urnas em 2022, que tomou posse nos ombros de uma enorme legitimidade, precisa impulsionar uma gigantesca mobilização popular para assegurar que o orçamento público garanta as condições da melhor qualidade de vida possível do povo brasileiro, em vez de garantir a concentração de renda e riquezas nas mãos da burguesia nacional e do domínio, que destrói a cada dia a vida dos povos oprimidos de todo o mundo, que agora sentem o “tacão de ferro” sobre as suas costas com uma violência que remonta os piores momento de miséria da história da humanidade e não apenas no Brasil.