O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, compareceu nesta terça-feira (10) a um tribunal em Tel Aviv para prestar esclarecimentos, pela primeira vez, no julgamento em que é suspeito de corrupção.
Após adiar seu depoimento ao tribunal diversas vezes, em meio a guerra do seu país na Faixa de Gaza e no Líbano, o premiê declarou à imprensa que esperou “oito anos por este momento, para dizer a verdade”.
No tribunal, ele tratou o julgamento como um evento político, se retratando como uma figura global significativa e listando suas “conquistas políticas”, informou o jornal britânico The Guardian.
Ele ainda classificou como um “oceano de absurdos” os três casos distintos em que enfrenta acusações de suborno, fraude e abuso da confiança pública [entenda cada um deles abaixo].
Enquanto isso, do lado de fora, dezenas de pessoas se reuniram em protesto contra o premiê, incluindo familiares de reféns mantidos em Gaza. Uma faixa pendurada na frente da Corte dizia: “Ministro do Crime”.
Entenda os casos
Em um dos casos, o premiê israelense e sua esposa são acusados de aceitar mais de 260.000 dólares em charutos, joias e champanhe, do produtor de filmes israelense de Hollywood, Arnon Milchan, e do bilionário australiano James Packer, em troca de favores políticos.
Ao tribunal, Netanyahu disse que fumava charutos, mas raramente conseguia terminá-los devido à carga de trabalho, além de afirmar que detesta champanhe.
Já os outros dois casos dizem respeito a supostas negociações do premiê com magnatas da mídia israelense para uma cobertura favorável sobre si mesmo e sua família, em troca de sanções contra a concorrência e favorecimento da operação comercial do grupo de comunicação.
Netanyahu nega qualquer irregularidade. Segundo ele, as acusações “são uma caça às bruxas orquestrada por uma mídia hostil e um sistema jurídico tendencioso, que visam derrubar seu o governo”.
Impasse
O julgamento, que conta com os relatos de ao menos 120 testemunhas de acusação nos três casos, começou em maio de 2020, em Jerusalém, mas foi interrompido pelos confrontos em Gaza, após o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023. Agora, por questões de segurança, o caso foi transferido à capital israelense.
Ainda ontem (9), a defesa Netanyahu solicitou à procuradoria um novo adiamento do julgamento, devido ao aumento da tensão no Oriente Médio e ofensivas israelenses na Síria, após a queda de Bashar al-Assad.
A justiça negou o pedido, uma vez que é de “interesse público” concluir o julgamento o mais rápido possível. Contudo, foi aceita a solicitação para diminuir a frequência das audiências, de três para duas vezes por semana.
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