No dia 9 de maio completam-se 80 anos da derrota do nazismo na Segunda Guerra Mundial, o dia que ficou conhecido como o “Dia da Vitória”, quando o Exército Vermelho entrou em Berlim.
O Dia da Vitória é comemorado em vários países, lembrando a data em que os trabalhadores do mundo venceram o fascismo. Infelizmente, no Brasil, graças a propaganda imperialista que se esforça para esconder o papel essencial da URSS na derrota do nazismo, a data fica ocultada.
Por isso, a internacional anti-fascista, organização recém-formada por vários partidos, incluindo o PSUV da Venezuela, decidiu por chamar um ato público em homenagem ao Dia da Vitória. O PCO, que compõe a coordenação dessa organização, está empenhado em convocar e organizar esse ato, junto a companheiros de outros partidos. O ato acontece em São Paulo, no sábado, dia 10 de maio, em São Paulo, às 10 horas, no auditório da Academia Paulista de Letras.
É necessário lembrar que sem o povo soviético e a resistência nos países ocupados, os chamados partisans, a vitória dos chamados “Aliados” não seria possível ou seria muito mais demorada. A propaganda posterior do imperialismo atribui aos Estados Unidos a derrota do nazismo, isso não só é completamente falso, como é o oposto da realidade. O desembarque na Normandia, ou o “Dia D”, em junho de 1944, é apresentado como o grande episódio que marcaria o início da derrota dos nazistas. Não é necessária uma análise profunda para saber que isso não corresponde à realidade, basta notar que a derrota alemã em Stalingrado deu-se em 1943 e, como dissemos, foi um ponto de inflexão no conflito, ou seja, a partir dali os nazistas passaram a sofrer derrotas atrás de derrotas. Quando os norte-americanos e ingleses desembarcam na Normandia, o nazismo já se encontra numa franca decadência no que diz respeito ao conflito.
Por outro lado, a vitória dos soviéticos serviu de propaganda para Stálin, apresentado, inclusive pelo imperialismo nos momentos posteriores à guerra, como o grande chefe que derrotou o nazismo. Isso também é falso. A visão limitada de Stálin e suas sucessivas capitulações diante dos dois lados do imperialismo permitiram que Hitler penetrasse no território soviético até próximo de Moscou, o que seria uma catástrofe para os povos do mundo todo. Stálin primeiro permitiu que Hitler invadisse a URSS, ignorando alertas inclusive de seu aparato de inteligência. Depois, ficara paralisado diante da invasão, deixando que os nazistas impusessem milhões de mortes ao povo soviético. A contraofensiva deu-se graças à resistência do povo soviético e de parte das Forças Armadas que tomaram a iniciativa. A importância decisiva da URSS na derrota do nazismo foi canalizada na figura de Stálin que, rigorosamente falando, foi o responsável pelo desastre inicial da invasão nazista.
O stalinismo estava completamente desorientado nos momentos que imediatamente antecedem a guerra. Stálin tentou primeiro um acordo com o imperialismo dito “democrático”, mas não conseguiu nada. Percebendo que o imperialismo “democrático” não tinha empenho em combater o nazismo, o próprio Stálin decidiu fazer o acordo com Hitler.
Esse acordo foi um fiasco. Ele serviu apenas para desorientar ainda mais os soviéticos. Hitler acaba invadindo a URSS, pegando Stálin totalmente despreparado, ocupando cerca de 500 quilômetros de território soviético sem nenhuma grande resistência militar organizada. Os nazistas destruíram a frota aérea e prenderam milhões de soldados soviéticos.
Os “Aliados” imperialistas esperavam que Hitler pudesse destruir a União Soviética e, de fato, por muito pouco a URSS não afundou. Isso é óbvio, para o imperialismo, muito mais importante que combater o nazismo era acabar com o primeiro Estado operário da história. O objetivo do fascismo sempre foi esse: destruir as organizações operárias dos respectivos países e o avanço dos alemães poderia significar o fim da URSS, algo visto com muito bons olhos pela burguesia britânica, francesa e norte-americana. Depois, essa mesma burguesia poderia dar um jeito em Hitler, por acordo ou não. Tendo Hitler fracassado, a próxima etapa era deixar que os soviéticos levassem quase sozinhos a guerra.
Apenas quando o imperialismo dito “democrático” viu que a URSS tinha derrotado o exército nazista em Stalingrado, é que ele decidiu entrar no jogo de forma mais decisiva. O imperialismo percebeu que se não interviesse de maneira mais enérgica, a União Soviética tomaria conta de toda a Europa, o que seria um desastre para o imperialismo. Ainda que a burocracia stalinista não tivesse a política de expropriar a burguesia, como fica claro nos acordos feitos no fim da guerra entre Stálin e os líderes imperialistas, seria muito difícil conter a resistência popular que se levantou em todos os países contra o fascismo. A autoridade política da URSS aliada ao fortalecimento da resistência poderia facilmente dar lugar a uma série de revoluções na Europa, como ocorreu na Iugoslávia, incluindo os países da Europa ocidental.
Com o fim da guerra, Stálin entra em acordo com o imperialismo e aceita a divisão criminosa da Alemanha, de Berlim e dos países europeus antes ocupados pelo nazismo. Esses acordos foram um golpe contrarrevolucionário, serviram para conter a revolução tendente em quase todos os países europeus. A revolução foi sufocada, com a ajuda dos stalinistas, em vários países, o que daria espaço para um artigo apenas sobre esse tema.
O Dia da Vitória deve ser celebrado, portanto, como o dia em que o povo soviético, em primeiro lugar, e os povos do mundo todo derrotaram o nazismo, o que abriu um período revolucionário. Essa derrota não tem nada a ver com o imperialismo norte-americano e inglês, que foram coniventes com o fascismo até os momentos mais críticos. Não só isso, o imperialismo dito “democrático” sustentou os regimes fascistas por décadas, como o caso de Salazar em Portugal e do franquismo na Espanha.
Foi o levante popular na URSS, nos países europeus e a luta contra o fascismo ao redor do mundo o que impulsionou a derrota de Hitler.
Para os interessados, a edição atual do Dossiê Causa Operária traz uma matéria especial sobre o fim da Segunda Guerra, a tomada de Berlim e a derrota do nazismo.