Na noite de 28 de abril foi realizada uma atividade em São José dos Campos (SP) para marcar os 40 anos da histórica greve de ocupação da General Motors, ocorrida em 1985.

A greve

A greve teve início em 11 de abril de 1985, durante a campanha salarial dos metalúrgicos, que também reivindicavam a redução da jornada de trabalho, então de 48 horas semanais. A mobilização ganha um novo patamar no dia 25 de abril, quando a empresa demite 93 trabalhadores, por justa causa. Entre eles, membros da comissão de fábrica, cipeiros, diretores sindicais e ativistas.

Diante desse ataque, os trabalhadores radicalizam: ocupam a fábrica e assumem o controle de todos os setores. A ocupação dura três dias, mas a greve segue firme até o dia 9 de maio. Mesmo sob forte repressão (com mais de 400 demitidos e 33 trabalhadores processados criminalmente), a luta foi decisiva para que, em setembro daquele ano, os metalúrgicos da GM conquistem a redução da jornada para 45 horas semanais e em 1987, para 44 horas. Em 1988, a nova Constituição Federal incorpora a jornada de 44 horas semanais para todos os trabalhadores . Conquista que teve origem direta nessa greve histórica.

Ato dos 40 anos

O ato comemorativo teve início com a fala de José Luiz Gonçalves, o Zé Luiz, presidente do sindicato à época, que relembrou os primeiros momentos da mobilização.

Em seguida, Ivan Trevisan, ex-dirigente sindical e militante da Convergência Socialista, fez uma fala emocionada destacando a auto-organização da base na manutenção dos piquetes e na resistência frente à ameaça de invasão da tropa de choque. Ele recordou como os trabalhadores estavam dispostos a ir até as últimas consequências para defender o movimento.

Toninho Ferreira prestou homenagem aos companheiros que participaram ativamente da greve, muitos que já não estão entre nós, como Hiena e outros nomes marcantes dessa luta. Destacou a força do classismo, o poder de mobilização da classe trabalhadora e lembrou de episódios simbólicos, como o dos trabalhadores da cozinha que entraram na fábrica para garantir a alimentação de todos durante a ocupação.

Outros militantes e dirigentes sindicais da época também compartilharam memórias, alternando entre relatos emocionantes e momentos até cômicos. Vivaldo Moreira, que à época ainda não era dirigente sindical, ressaltou que a greve foi organizada com forte protagonismo da base operária, que participou ativamente da definição das estratégias e da divisão de tarefas para manter a greve firme.

Dia mundial em memória às vítimas de acidentes de trabalho

O ato também fez referência ao Dia Mundial em Memória às Vítimas de Acidentes de Trabalho, lembrando os milhares de trabalhadores vitimados todos os anos pelas condições impostas pelo capitalismo. Jornadas exaustivas, ritmos intensos de produção, negligência com segurança, falta de treinamentos e de equipamentos de proteção são alguns dos elementos que, diariamente, ceifam vidas de trabalhadores pela ganância capitalista.

A luta pela redução da jornada

Quarenta anos se passaram, mas a luta pela redução da jornada segue atual. Hoje, trabalhadores precarizados enfrentam escalas extenuantes, como o 6×1, que geram cansaço extremo e adoecimento, especialmente entre os jovens. Que o exemplo dos trabalhadores da GM em 1985 continue a inspirar as novas gerações a lutar por seus direitos. E que cada passo dado pela classe trabalhadora em suas conquistas, seja um passo rumo a uma sociedade livre de exploração: uma sociedade socialista.

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Last Update: 30/04/2025