A passagem do ciclone Chido por Moçambique no domingo, 15 de dezembro, deixou dezenas de mortos e milhares de desabrigados, de acordo com estimativas iniciais realizadas pelas autoridades locais.

Uma equipe de emergência de Médicos Sem Fronteiras (MSF) realizou uma avaliação inicial das necessidades nos distritos de Pemba e Metuge, na província de Cabo Delgado, no nordeste do país, onde a organização já está presente respondendo a necessidades médicas relacionadas ao conflito armado na região.

Inicialmente, MSF doou 50 kits de emergência ao Ministério da Saúde, incluindo itens para tratar ferimentos e material para sutura. Foram identificados danos consideráveis em diversos centros de saúde em Metuge, que necessitam de apoio logístico e que terão de ser reparados.

Uma das preocupações de MSF é com o impacto deste desastre natural no acesso da população à água potável. A organização está trabalhando com as autoridades locais para responder às eventuais necessidades. Moçambique é um país que tem se mostrado muito vulnerável à emergência climática e todos os anos sofre o impacto de ciclones nesta época do ano.

Trajeto do ciclone

No sábado, 14 de dezembro, o ciclone havia passado pela ilha de Maiote, um território francês localizado no Oceano Índico, entre Madagascar e o litoral de Moçambique.

Segundo informações iniciais, a tempestade causou danos graves no local, com cortes no abastecimento de água e eletricidade. Também há um número ainda indefinido de vítimas, especialmente entre moradores de favelas, que foram totalmente destruídas pelo ciclone. Nestes locais as condições de vida já eram extremamente precárias antes da passagem da tormenta.

Uma equipe de MSF está se preparando para viajar ao território assim que as condições permitirem, com o objetivo de avaliar a realização de uma operação de emergência.

Detalhes do ciclone

Os ventos e as chuvas fortes do ciclone causaram a interrupção do fornecimento de energia elétrica no norte do país. Dados do Comitê Operativo de Emergência, COE, indicam que há registro de 15 mortes e cerca de 20 mil famílias afetadas nas províncias de Cabo Delgado, Niassa e Nampula.

Dados preliminares

Luisa Meque é a presidente do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres, Ingd. Falando a jornalistas a partir do distrito de Memba, em Nampula ela cita o levantamento preliminar.

“Contamos com um total de 100.172 pessoas, o que corresponde a 20 mil famílias. Em termos de óbitos estamos com 15 óbitos; casas parcialmente destruídas 5832; casas totalmente destruídas 55. Este é o acumulativo até agora que são dados preliminares. Em termos de informação que nós recebemos no distrito de Memba foram desaparecidas 69 embarcações, destruídas totalmente pelo efeito do ciclone 102 embarcações, temos como perdidas 26 redes de pescas.”

Agências das Nações Unidas, parceiros e governo desdobram-se para salvar vidas no norte do país.

Função da ONU

Face aos acontecimentos do ciclone tropical Chido em Moçambique, Laura Tomm-Bonde, coordenadora residente das Nações Unidas e coordenadora Humanitária Interina para Moçambique expressou “condolências aos que perderam entes queridos e reiterou a solidariedade das Nações Unidas com o governo e o povo de Moçambique neste momento difícil”.

A representante afirmou ainda que a ONU está no terreno apoiando a resposta, incluindo a avaliação das necessidades e a distribuição de bens essenciais.

Serviços básicos

“Importa referir que estamos preocupados com a interrupção dos serviços básicos, como é o caso de serviços de saúde, do acesso de água potável, saneamento, instalações de higiene, porque em situações de fenômenos com estes, a interrupção destes serviços básicos agrava ainda mais a situação das pessoas e principalmente das crianças. O Unicef está a trabalhar junto dos parceiros para responder e distribuir suplementos críticos para os mais necessitados.”

A especialista do Unicef, afirma que as necessidades humanitárias no norte do país, nomeadamente em Cabo Delgado, poderão agravar-se, por isso o apoio para maior atenção na região.

“Em Moçambique de forma geral 3,4 milhões de crianças precisam de assistência humanitária e a população já e muito vulnerável. Aqui em Cabo delgado principalmente por conta da situação de insegurança. Com este ciclone vai ser muito difícil suportar este choque, então precisam de apoio de todos de atenção.”

Dados do Instituto Nacional de Meteorologia em Moçambique indicam que ciclone tropical Chido, tomou a direção para o país vizinho, o Malawi.

Globalmente, Moçambique é um dos países vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas, sendo afetado ciclicamente pelas cheias, ciclones tropicais durante a época chuvosa que ocorre entre outubro e abril.

Com informações do Médicos sem Fronteiras e da ONU

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Last Update: 16/12/2024