O Hamas assinou um acordo de “coesão nacional” com outras organizações palestinas, incluindo seu rival Fatah, com objetivo de manter o controle palestino da Faixa de Gaza após a guerra, protagonizada por Israel. A declaração sobre a iniciativa, que teve mediação da China, foi dada durante um encontro em Pequim, nesta terça-feira (23).
Ao todo, 14 grupos participaram das negociações em torno do tema, durante três dias, com patrocínio da China. O alto funcionário do Hamas, Moussa Abou Marzouk, celebrou o acordo, sem dar mais detalhes sobre o documento. “Hoje, assinamos um acordo de coesão nacional e declaramos que o caminho a ser seguido para concluir esse processo é a coesão nacional”, disse.
Chama atenção da comunidade internacional a proximidade entre o Hamas e o Fatah (Movimento de Libertação Nacional da Palestina), devido ao histórico de rivalidade entre os grupos, que intensificou partir de 2006, quando o Hamas venceu as eleições e tomou o controle de Gaza.
Nacionalista e laico, com atuação na Cisjordânia, o Fatah é presidido pelo palestino Mahmoud Abbas e considerado o maior grupo político e militar da Organização para a Libertação Palestina (OLP). Ao contrário do Hamas, o movimento – expulso de Gaza de 2007 – reconhece Israel e apoia negociações pacíficas, com a solução de dois Estados.
Segundo análise da Al Jazerra, a reconciliação entre os grupos seria um ponto de virada fundamental nas relações internas palestinas. Agora, após nove meses de guerra e mais de 39 mil palestinos mortos em Gaza, Abou Marzouk ressaltou que não há outra solução.
“Estamos em uma encruzilhada histórica”, destacou o funcionário do Hamas, segundo a CNN. “Nosso povo está se levantando em seus esforços para lutar”, completou.
Já o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, afirmou que “a reconciliação é uma questão interna das facções palestinas, mas ao mesmo tempo não pode ser alcançada sem o apoio da comunidade internacional”, pontou. “São os próprios palestinos que devem administrar a Palestina e não as potências estrangeiras”, declarou.
Israel, por sua vez, se manifestou logo após o anúncio. O ministro das Relações Exteriores, Israel Katz, criticou o Fatah por ter assinado o acordo pós-guerra. “O Hamas e o Fatah assinaram um acordo na China para o controle conjunto de Gaza após a guerra. Em vez de rejeitar o terrorismo, Mahmoud Abbas abraça os assassinos e estupradores do Hamas, revelando assim sua verdadeira face”, disse em comunicado.
“Na realidade, isso não acontecerá porque o Hamas será esmagado e Abbas estará observando Gaza de longe”, acrescentou o ministro, enquanto Israel intensifica sua ofensiva militar na “zona humanitária” no enclave.
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