Reproduzimos abaixo o artigo Brasil: Lançamento do livro “O Hamas Conta Seu Lado da História”, publicado no dia 23 de agosto pela Quds Press.
Brasil: Lançamento do livro “O Hamas Conta Seu Lado da História”
Iman Abu Seido (São Paulo) – O Partido da Causa Operária (PCO), do Brasil, lançou um livro intitulado “O Hamas Conta Seu Lado da História”. O livro faz parte de uma ampla campanha iniciada pelo partido em junho, que levou o mesmo título e envolveu a distribuição de cerca de 100 mil panfletos impressos aos brasileiros. Além disso, o partido criou um portal eletrônico contendo entrevistas e declarações de líderes do Hamas, incluindo o ex-chefe do escritório político, o mártir Ismail Hanié.
O livro, que foi lançado na quinta-feira à noite em Brasília, com a presença de vários líderes de instituições, simpatizantes e membros do partido, foca na Operação Dilúvio de Al-Aqsa e apresenta entrevistas realizadas pelo partido com Musa Abu Marzouk e Bassem Naim, dirigentes do Hamas.
O livro também inclui, segundo informações da Quds Press, o documento oficial publicado pelo Hamas em janeiro passado, intitulado “Por que a Operação Dilúvio de Al-Aqsa?”, que discute a batalha e a narrativa dos eventos de 7 de outubro de 2023. Além disso, o livro contém alguns relatórios e investigações jornalísticas realizadas por instituições de mídia independentes que refutam as alegações “inventadas pelos sionistas para difamar o Hamas e a operação da Batalha do Al-Aqsa”.
O presidente do Partido da Causa Operária, Rui Costa Pimenta, afirma que “o livro é o cerne da campanha lançada pelo nosso partido para defender o Hamas e combater as mentiras sionistas reproduzidas pelos principais jornais imperialistas e brasileiros”.
Pimenta acrescentou em uma declaração à Quds Press que “o partido queria transmitir a narrativa do Hamas sobre os eventos de 7 de outubro ao público brasileiro e que distribuiremos o livro para autoridades e figuras públicas. O livro também está disponível gratuitamente no site da campanha”.
Sobre os desafios enfrentados por Pimenta e seu partido em suas campanhas de defesa do Hamas e de transmissão da narrativa sobre a Operação Dilúvio de Al-Aqsa, Pimenta mencionou que “o principal desafio é a perseguição judicial aos ativistas e ao partido, além do ataque dos sionistas às nossas fontes de financiamento, que são as duas principais formas usadas contra nós”.
Pimenta confirmou que a Operação não foi negativa, mas, ao contrário, “os benefícios foram muito maiores. Nos aproximamos de todas as forças anti-imperialistas e do próprio Hamas, além da aceitação que encontramos entre os membros da nossa comunidade brasileira”.
Pimenta foi convocado no final de julho pela Polícia Federal Brasileira para responder a uma queixa apresentada pela Confederação “Israelense” no Brasil, devido às suas atividades de apoio aos palestinos e sua resistência. “Eu prestei um depoimento à Polícia Federal, no qual precisei esclarecer nossas posições sobre a questão dos judeus e o antissemitismo”.
Pimenta não considerou isso como algo novo, afirmando que “nosso partido enfrenta quatro processos judiciais que exigem o cancelamento do registro do partido nos tribunais. Pelo menos cinco outros processos foram abertos contra membros e líderes do partido, e mais está surgindo pouco a pouco contra nós”.
Pimenta ressaltou que “é essencial que a versão do Hamas seja amplamente divulgada, pois o que o povo palestino enfrenta é a expressão mais brutal e cruel da opressão que afeta todos os povos oprimidos ao redor do mundo”.
Ele destacou que “desde 7 de outubro, o povo brasileiro tem sido bombardeado com notícias e informações falsas da imprensa sensacionalista, que é apenas um porta-voz do imperialismo no Brasil. Portanto, nossa luta, em essência, é a mesma do povo palestino contra a besta imperialista, e a hesitação sobre o que acontece na Palestina confunde a luta popular contra o imperialismo”.
Pimenta criticou os “defensores do sionismo no Brasil”, incluindo “a maioria dos deputados e partidos de direita, o poder judiciário e algumas outras instituições estatais”, e alertou para o apoio “de alguns de forma aberta e outros de forma mais tímida ao sionismo”.
Ele expressou otimismo com a reação popular brasileira em relação à causa palestina, afirmando que “o que os membros do partido veem durante a distribuição de panfletos sobre a Palestina e o contato próximo com as pessoas é que a maioria apoia a luta palestina, apesar de que a mídia oficial exerce pressão para neutralizar esse apoio com uma enxurrada de mentiras que são divulgadas todos os dias”.
Pimenta acrescentou que a reação popular brasileira confirma “sem margem para dúvida que o Hamas é particularmente apreciado pelos brasileiros, especialmente pelos trabalhadores, que têm algum entendimento do que acontece na Palestina”.
Pimenta criticou o governo brasileiro, cuja posição considerou contraditória. O presidente Lula da Silva inicialmente condenou a Operação e a descreveu como “terrorista”, mas, quando viu a escalada do ataque sionista contra o povo palestino, começou a criticar “Israel”, apoiou a ação da África do Sul e até falou em genocídio. Pimenta continuou: “Mas no início de abril ele assinou uma declaração vergonhosa pedindo a libertação (dos reféns), e o exército também assinou um contrato no valor de cerca de 200 mil dólares para comprar armas do estado sionista”.
Pimenta reforçou a necessidade de “o Brasil cortar as relações diplomáticas, militares e comerciais com ‘Israel'”, destacando que “temos plena capacidade para isso, sem que isso nos afete de forma alguma”, considerando que “manter esta relação é apenas uma declaração de apoio à política imperialista contra os povos oprimidos”, que “é expressa na sua forma mais brutal no genocídio do povo palestino e de todos os povos cujos interesses são opostos”.
No dia 17 de fevereiro, Rui Costa Pimenta, se reuniu com o antigo chefe do birô político do Hamas, o mártir Ismail Hanié, na capital do Catar, Doha. Segundo declaração do movimento na época, “o encontro confirmou as relações bilaterais entre os povos palestino e brasileiro” e as posições brasileiras em apoio ao direito palestino à liberdade, à autodeterminação e ao estabelecimento de seu Estado independente”.
Recentemente, o Ministério Público Brasileiro (MPDFT) da capital, Brasília, arquivou o processo movido pela Polícia Legislativa da Câmara dos Deputados contra o militante Ieri Souza de Braga Jr., integrante do Partido da Causa Operária, que foi processado por vestir uma camisa do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) enquanto distribuía panfletos condenando os crimes de Israel na Faixa de Gaza, acusando-o de “propaganda do crime ou dos criminosos”.