As imagens de crianças mortas por balas perdidas entre 2020 e 2024 no Rio de Janeiro, que foram colocadas, neste sábado 28, na Lagoa Rodrigo de Freitas, foram removidas. A exposição das imagens, organizada pela Rio de Paz, visa a denunciar a violência no estado.
A iniciativa incluiu fotos de policiais militares mortos em conflito. As imagens permanecem no local.
“Deixaram só as placas dos PMs. Uma tristeza! Não temos ideia da motivação, muito menos de quem foi. Não sabemos nada. Fomos avisados por um seguidor que passou pela Lagoa e nos avisou agora de manhã por mensagem no Instagram”, disse a organização.
O fundador da Rio de Paz, Antônio Carlos Costa, colocou flores no local e afirmou que a intenção é refazer o memorial, incluindo a faixa que também foi levada.
“Retiraram uma faixa de 10 metros na qual nós chamávamos atenção dos que passam por esse local que 49 crianças foram vítimas por bala perdida entre 2020 e 2024 e arrancaram as fotos desses meninos e meninas, na sua maioria esmagadora moradores de comunidades pobres. Estamos aqui de volta, porque não vamos recuar dessa luta. É inadmissível que em pleno regime democrático testemunhemos essas mortes de braços cruzados, sem oferecer resistência à face mais hedionda da criminalidade no Rio de Janeiro”, afirmou em vídeo encaminhado pela ONG.
Costa pediu ao prefeito do Rio, Eduardo Paes, as imagens de câmeras de segurança para que seja feita a identificação do autor do vandalismo. “Nós queremos conhecer o autor desse ato de vandalismo, que por algum motivo arrancou as fotos das crianças, mas deixou as placas alusivas aos policiais militares. Nós usamos este espaço também para lembrar à sociedade e ao Poder Público que policiais militares estão morrendo todos os dias na região metropolitana do Rio de Janeiro, por entendermos que direitos humanos não têm lado”, afirmou.
Ato
A instalação das fotos, nesse sábado 28, contra a morte de crianças por balas perdidas, ocorreu pouco mais de uma semana depois de a Rio de Paz promover um protesto em Copacabana condenando os assassinatos.
O memorial em homenagem às crianças mortas por bala perdida foi criado em 2015, no mesmo local onde foi feita uma homenagem ao médico Jaime Gold, vítima de latrocínio naquele ano. Até sábado, estavam no local placas com os nomes das crianças, que foram substituídas pelas fotos usadas no protesto em Copacabana.
Ao todo, foram 49 fotos, incluindo o último caso, do menino de 4 anos, Diego Vieira Fontes, morto com os pais, na segunda-feira 23, em Paty do Alferes, no sul do estado.
Voluntários, pais, mães, familiares e amigos das vítimas participaram do ato.