O ministro israelense da Segurança Nacional, o conservador Itamar Ben Gvir, liderou uma oração na Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém Oriental, durante um feriado judaico, segundo as autoridades.
A Esplanada das Mesquitas, localizada no setor da Cidade Santa ocupada e anexada por Israel, foi construída sobre as ruínas do segundo templo judaico, destruído no ano 70 d.C. pelos romanos. Para os judeus, é o Monte do Templo, o local mais sagrado do judaísmo.
Ben Gvir foi filmado no local e pediu em particular a “derrota” do Hamas em vez de negociações com o movimento islamista palestino.
“Cerca de 2.250 judeus rezaram, dançaram e hastearam a bandeira israelense” na esplanada, disse um funcionário do Waqf, a administração jordaniana de propriedades religiosas muçulmanas em Jerusalém, sob condição de anonimato.
Segundo um status quo decretado após a conquista de Jerusalém Oriental por Israel em 1967, os não muçulmanos estão autorizados a visitar a Esplanada das Mesquitas, que abriga a Cúpula da Rocha e a mesquita de Al Aqsa, em horários específicos e sem rezar, uma regra cada vez menos seguida por alguns judeus nacionalistas.
O local é administrado pela Jordânia, mas o acesso é controlado pelas forças de segurança israelenses.
Repúdio internacional
O Ministério das Relações Exteriores palestino denunciou uma “escalada” e “provocações”, referindo-se a “incursões ilegais (…) em preparação para a imposição do controle total israelense e a judaização” do local “em violação do direito internacional”.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, também denunciou as “provocações” do ministro israelense de extrema-direita:
“A UE condena firmemente as provocações do ministro israelense Ben Gvir que, durante a sua visita aos Lugares Santos, defendeu a violação do status quo”, segundo o qual os não muçulmanos podem visitar a Esplanada mas não podem rezar nela, escreveu Josep Borrell na rede X.
Os Estados Unidos criticaram o ministro de Israel e disseram que a ação prejudica os esforços para manter as negociações para um cessar-fogo no território palestino de Gaza.
“Não só é inaceitável, mas prejudica o que consideramos um momento vital, já que estamos trabalhando para que este acordo de cessar-fogo possa finalmente ser concretizado”, disse o porta-voz do Departamento de Estado, Vedant Patel, à imprensa.
“Os Estados Unidos defendem fortemente a preservação do status quo histórico no que diz respeito aos locais sagrados de Jerusalém e qualquer ação unilateral, como esta (…), que coloque em risco esse status quo, é inaceitável”, declarou Patel.
A ONU, por sua vez, classificou a oração de Gvir no local como uma ‘provocação inútil’.
“Somos contra qualquer esforço para mudar o status quo em locais sagrados (…). Este tipo de comportamento não ajuda e é uma provocação inútil”, disse o porta-voz da ONU, Farhan Haqel, à imprensa.
(Com informações de AFP)