O governo federal anunciou o término da operação “Raízes do Cedro”, que resgatou 2.663 brasileiros no Líbano em meio ao agravamento do conflito no Oriente Médio. A ação, iniciada em 2 de outubro após ataques de Israel contra o Hezbollah, priorizou brasileiros não residentes, além de grupos vulneráveis como idosos, gestantes, crianças e pessoas com deficiência.
Foram realizados 13 voos entre Beirute e o Brasil, com mobilização da Força Aérea Brasileira (FAB), que utilizou predominantemente a aeronave KC-30, modelo de grande porte com capacidade para mais de 200 pessoas. A operação ainda envolveu 48 profissionais, incluindo médicos, psicólogos e enfermeiros, totalizando mais de 300 horas de voo.
Balanço da operação
O balanço da operação de resgate contabilizou um total de 1.198 mulheres, sendo 15 gestantes; 645 crianças; 247 pessoas com deficiência; e 290 idosos. Também foram transportados 34 animais domésticos e familiares de nacionalidades diversas, como libaneses, sírios, argentinos, uruguaios, entre outros.
“Espero que vocês encontrem no Brasil a felicidade que tiraram de vocês com esse bombardeio. E que possam reconstruir a vida em paz”, afirmou o presidente Lula na chegada do primeiro voo a Guarulhos, do dia 6 de outubro. “A guerra só destrói. Quando não perde a vida, perde escola, hospital, médico, uma série de coisas que trazem tranquilidade para a gente. O que constrói é a paz”, completou o presidente.
Além do transporte aéreo, o governo garantiu assistência médica e psicológica com mais de 2,4 mil atendimentos pela Força Nacional do SUS, que contou com 169 profissionais. Hospedagem temporária e alimentação foram oferecidas a 856 pessoas, com um investimento de R$ 195 mil. Empresas e a sociedade civil também contribuíram emitindo passagens para continuidade do deslocamento dos repatriados.
Apesar do planejamento, 346 pessoas que haviam solicitado repatriação não compareceram ao aeroporto, e outras 1.056 desistiram antes de concluir o processo. Muitos desses últimos conseguiram alternativas próprias para deixar a região ou retornar ao Brasil.
Desafios
A operação enfrentou desafios logísticos devido aos bombardeios próximos ao aeroporto de Beirute, que exigiram mudanças de rotas e ajustes em tempo real. As aeronaves transportaram, além dos repatriados, 27,3 toneladas de medicamentos e insumos hospitalares e 62,5 toneladas de alimentos.
Com o encerramento de “Raízes do Cedro”, o governo federal destacou o empenho das forças envolvidas e a importância de ações rápidas para a proteção de cidadãos em cenários de conflito. A operação é considerada uma das maiores mobilizações humanitárias realizadas pelo Brasil.