Agentes das forças de segurança em operação do Gaeco na favela do Moinho, SP. Foto: Divulgação

Uma operação deflagrada nesta terça-feira (6) em São Paulo visa desmantelar um complexo ecossistema de atividades ilícitas no centro da cidade. A operação, chamada Salus et Dignitas, é liderada pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público, com a colaboração das polícias Militar, Federal e Rodoviária Federal, além de outros órgãos.

O foco da operação é a atuação de milícias, a venda ilegal de armas, a exploração de trabalho em condições precárias, a receptação de produtos furtados e o tráfico de drogas, todos sob a influência do PCC na região.

As investigações revelaram o uso de torres clandestinas para interceptar comunicações da Polícia Militar, permitindo que grupos criminosos antecipem ações policiais. A operação inclui o cumprimento de 85 mandados de busca e apreensão, 48 confisco e bloqueio de bens, e 45 medidas de suspensão de atividades econômicas.

Até o meio-dia, cinco pessoas foram presas, incluindo Leonardo Monteiro Moja, uma figura-chave do PCC na favela do Moinho. Outros três foram detidos em flagrante, e dois foram levados para averiguação. A operação também resultou na apreensão de 65 celulares, 5 computadores e 40 veículos.

Diferente das abordagens anteriores, a Salus et Dignitas adota um modelo transversal e colaborativo para enfrentar a complexidade das atividades criminosas. Enquanto a operação visa combater as práticas ilegais, os dependentes químicos na Cracolândia estão protegidos de prisão ou internação compulsória durante a ação.

Agentes das forças de segurança em operação do Gaeco na favela do Moinho, SP. Foto: Divulgação

A estratégia busca um impacto abrangente, sem penalizar as vítimas das circunstâncias. O promotor Lincoln Gakiya, responsável pela operação, destacou a importância de não focar apenas no microtráfico, mas em toda a estrutura que suporta o tráfico e outras atividades ilícitas.

“Tudo começou no ano passado, a partir de uma conversa com o então procurador-geral, Mário Sarrubbo, sobre a necessidade de uma intervenção na região da Cracolândia que fosse diferente daquelas ações policiais que focam no microtráfico e que acabam atingindo os usuários,” afirmou Gakiya.

De acordo com o Ministério Público, a Prefeitura de São Paulo, sob a gestão de Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição, não participou das investigações. Entre os alvos da operação estão três guardas-civis metropolitanos (GCM) identificados como líderes de milícias que extorquiam comerciantes no centro da cidade, oferecendo proteção em troca de dinheiro.

A operação revela um cenário de corrupção e exploração, com ferros-velhos e galpões de reciclagem envolvidos em trabalho infantil e receptação de material furtado. A investigação também aponta para movimentações financeiras atípicas em contas ligadas a guardas-civis metropolitanos e comerciantes de armas ilegais.

A Salus et Dignitas representa um passo significativo na luta contra o crime organizado em São Paulo, mas o promotor Gakiya reconhece que a erradicação completa do tráfico e a melhoria das condições na Cracolândia requerem um esforço contínuo do governo e da sociedade.

“O tráfico não vai acabar nem os dependentes químicos vão desaparecer, e crimes vão continuar acontecendo, mas esse estado de coisas ilegal e a violação sistêmica de direitos de todos, inclusive dos dependentes químicos, deve acabar”, concluiu o promotor.

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Última Atualização: 06/08/2024