Operação da PF mira Weverton Rocha e prende número 2 da Previdência

A Polícia Federal (PF) deflagrou, na manhã desta quinta-feira (18), uma nova fase da Operação Sem Desconto, voltada a desarticular um esquema nacional de descontos indevidos em benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Entre os principais alvos da ação estão o senador Weverton Rocha (PDT-MA), que sofreu mandados de busca e apreensão, e o ex-secretário-executivo do Ministério da Previdência Social, Adroaldo Portal, que teve a prisão domiciliar decretada e foi exonerado do cargo.

Autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a ofensiva mobilizou agentes e técnicos da Controladoria-Geral da União (CGU) para o cumprimento de 52 mandados de busca e apreensão e 16 de prisão preventiva. As diligências ocorrem no Distrito Federal e em seis estados: São Paulo, Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Minas Gerais e Maranhão.

Alvos de peso e cúpula da pasta

Adroaldo Portal, considerado o “número dois” na hierarquia da Previdência, é jornalista e possui uma trajetória de mais de duas décadas no Congresso, tendo ocupado postos estratégicos em gestões do PDT. Após a deflagração da operação, o ministro da Previdência, Wolney Queiroz, determinou sua imediata exoneração. Para o lugar de Portal, foi nomeado o procurador-federal Felipe Cavalcante e Silva.

Além da cúpula do ministério, a PF prendeu Romeu Carvalho Antunes, filho de Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, apontado como operador central do esquema e preso desde setembro. Outro detido foi o advogado Eric Fidelis, filho do ex-diretor de Benefícios do órgão, André Fidelis.

As investigações sugerem uma organização estruturada em núcleos para captação de dados, inserção de informações falsas e ocultação de valores desviados.

Engrenagem da fraude

O esquema consistia na cobrança de mensalidades associativas diretamente na folha de pagamento de aposentados e pensionistas sem qualquer autorização. Entidades de fachada alegavam oferecer serviços como assistência jurídica e convênios médicos para justificar os descontos, que ocorriam de forma automática.

Estima-se que, entre 2019 e 2024, o grupo tenha movimentado cerca de R$ 6,3 bilhões. A crise gerada pelas investigações já havia provocado a demissão do então ministro Carlos Lupi (PDT) no primeiro semestre, após o aprofundamento das suspeitas sobre o núcleo político da pasta.

Reações e desdobramentos

Em nota, a assessoria do senador Weverton Rocha afirmou que o parlamentar “recebeu com surpresa a busca na sua residência, mas com serenidade, e se coloca à disposição para esclarecer quaisquer dúvidas assim que tiver acesso integral à decisão“.

A defesa dos empresários Domingos Sávio de Castro, Rubens Oliveira Costa e Adelino Rodrigues Junior, também alvos da operação, declarou que “tem adotado postura colaborativa e transparente” e que aguarda o acesso aos autos do STF para conhecer os fundamentos das prisões.

O governo federal mantém um cronograma de devolução dos valores subtraídos indevidamente. O ressarcimento é feito em parcela única, e os segurados prejudicados têm até o dia 14 de fevereiro de 2026 para contestar os descontos por meio do aplicativo Meu INSS, da Central 135 ou em agências dos Correios.

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