Nesta segunda-feira (23), o Irã deu início à Operação Boas-novas da Vitória (Bushra al-Fath). Em declaração, o Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica (CGRI) anunciou que a operação é uma resposta ao ataque criminoso perpetrado pelos Estados Unidos no sábado contra três instalações nucleares do Irã. Leia a declaração:

A operação foi desatada “por ordem do Conselho Supremo de Segurança Nacional e sob a liderança do Quartel-General Central Rasool Al-Azam, o Corpo de Guardiães da Revolução Islâmica (IRGC)”, realizando “um ataque devastador e poderoso com mísseis contra a base de Al-Udeid, no Catar”.

Essa base é o quartel-general da Força Aérea e o maior ativo estratégico do exército terrorista dos Estados Unidos na região da Ásia Ocidental’, declarou a Guarda Revolucionária do Irã. É, igualmente, o quartel-general avançado do Comando Central dos EUA, servindo para ações do imperialismo contra os países da região. Leia a declaração na íntegra:

“Comunicado do IRGC após o ataque à base dos EUA no Catar

Ó nobre e resiliente nação do Irã!

Após a agressão militar flagrante do regime criminoso dos Estados Unidos da América contra as instalações nucleares pacíficas da República Islâmica do Irã, e diante da clara violação do direito internacional, com o planejamento do Conselho Supremo de Segurança Nacional e sob a liderança do Quartel-General Central do Selo dos Profetas (que a paz esteja com ele), o Corpo de Guardiães da Revolução Islâmica, usando o nome sagrado de código ‘Ó Abu Abdullah Al-Hussein’ (que a paz esteja com ele), lançou um ataque devastador e poderoso com mísseis contra a base de Al-Udeid, no Catar, durante a Operação Bushra al-Fath (‘Boas-novas da Vitória’).

Essa base é o quartel-general da Força Aérea e o maior ativo estratégico do exército terrorista dos Estados Unidos na região da Ásia Ocidental.

A mensagem dessa ação decisiva dos filhos da nação nas forças armadas é clara e direta para a Casa Branca e seus aliados:

‘A República Islâmica do Irã, confiando em Deus Todo-Poderoso e apoiando-se em seu povo fiel e ilustre, não deixará sem resposta, sob nenhuma circunstância, qualquer ataque à sua integridade territorial, soberania ou segurança nacional.’

Com a agressão do inimigo americano, ficou claro para todos que o mal do sionismo é uma extensão dos planos dos Estados Unidos. Por isso, lembramos que, nesta defesa nacional, as bases americanas e seus alvos militares móveis na região não são sinal de força, mas sim uma grande fraqueza e um espinho cravado no flanco desse regime belicista.

Às vésperas do mês de Muharram — o mês de luto pelo líder e mártir Abu Abdullah Al-Hussein (que a paz esteja com ele) —, advertimos mais uma vez os inimigos do Irã islâmico:

A era de atacar e fugir acabou diante da firme vontade das poderosas forças armadas populares do país’

Qualquer nova provocação acelerará o colapso dos pilares militares dos Estados Unidos na região, sua fuga vergonhosa da Ásia Ocidental e a realização do anseio comum da Ummah islâmica e das nações amantes da liberdade do mundo: a erradicação do tumor cancerígeno do sionismo.”

A declaração também foi emitida pelo Conselho Nacional de Segurança do Irã, afirmando que “esta ação não representa qualquer ameaça ao estado amigo e irmão do Catar e ao seu povo” e que “a República Islâmica continua empenhada em manter e dar continuidade às suas estreitas relações históricas com o Catar”.

O Ministério das Relações Exteriores do Catar, no entanto, condenou a ação do Irã, dizendo se tratar de violação à soberania do país, mas nada falando contra a existência da base dos EUA no país, que já está lá há anos, violando a soberania da nação árabe de maneira muito mais agressiva.

Referido ministério igualmente afirmou que os mísseis iranianos contra a base aérea de Al-Udeid teriam sido interceptados. Há relatos, contudo, de que três mísseis atingiram o local. Um vídeo que circula canais de comunicação no Telegram mostra impacto onde seria a base norte-americana:

Antes da ação, a emissora norte-americana Fox News informou que a base de Al-Udeid estava vazia. Conforme vinha noticiado, ordens de evacuação começaram a ser emitidas para bases e embaixadas norte-americanas na região no dia 11 de junho, pouco antes da agressão do sionismo e do imperialismo contra o Irã

Nesse sentido, o jornal norte-americano The New York Times (NYT) reforçou que “três autoridades iranianas familiarizadas com os planos disseram que o Irã avisou com antecedência as autoridades catarianas sobre a iminência de ataques, como forma de minimizar as baixas”. O jornal acrescenta que “as autoridades disseram que o Irã precisava simbolicamente revidar contra os EUA, mas, ao mesmo tempo, executar o ataque de uma forma que permitisse a todos os lados uma saída”; descreveram a estratégia como semelhante à de 2020, quando o Irã avisou o Iraque antes de disparar mísseis balísticos contra uma base americana no Iraque após o assassinato de seu principal general.

The New York Times também informou que “os preços do petróleo caíram mais de 4%, abaixo de US$71 o barril, depois que o Irã disparou mísseis contra uma base militar dos EUA no Catar”.

Notícia semelhante foi dada pela agência de notícia Reuters, do imperialismo britânico, que afirmou que o Irã teria avisado aos Estados Unidos por meio de dois canais diplomáticos horas antes de lançar ataques ao Catar, bem como teria notificou Doha.

Apesar disto, a ação do Irã é sem precedentes, conforme apontado pela emissora Al Jazeera do Catar.

Quanto à reação dos EUA à ação, Trump estaria monitorando potencial retaliação do Irã contra bases norte-americanas do Barém, o Iraque e, possivelmente, em outros dois países, conforme noticiado pela emissora CNN. Ambos os países, bem como o Cuaite, fecharam seus respectivos espaços aéreos, como medidas de precaução, conforme notícias veiculadas pela emissora norte-americana NBC News.

Novas ações do Irã contra “Israel”

Na manhã desta segunda-feira, anteriormente à ação militar do Irã contra a base norte-americana, novas ações foram realizadas contra os territórios ocupados por “Israel”

A primeira delas ocorreu logo no começo da manhã, quando novas levas mísseis balísticos foram lançados, ocasionando o disparo de sirenes em diversas regiões de “Israel”, bem como de interceptadores.

Ao menos um impacto foi registrado: um míssil atingiu instalação industrial em Asdode, cidade costeira ao sul de Telavive (capital):

Cerca de meia hora depois, novas salvas de mísseis balísticos começaram a serem realizadas, desta vez em maior quantidade.

Pelo menos 7 impactos foram registrados pelos territórios ocupados. Um deles ocorreu em Ascalão, no sul de “Israel”:

Em outro vídeo, novo impacto foi registrado em Asdode:

Após estas novas ações, foi confirmado que um dos alvos atingidos por estação de energia no sul dos territórios ocupados, com a Companhia Elétrica de “Israel” registrando quedas de energia após o impacto.

Em Safed, cidade norte de “Israel”, foi estabelecida censura rigorosa sobre a imprensa, em relação ao impacto de míssil iraniano na zona rural.

Novos crimes de “Israel” contra Irã

Neste mesmo dia, “Israel” intensificou sua agressão criminosa contra o Irã, especialmente contra Teerã (capital) e Karaj (oeste do país).

Em Karaj, a força aérea das forças de ocupação bombardearam a sede da Sociedade do Crescente Vermelho (IRCS), uma organização humanitária no Irã e um membro importante do Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, esta uma das principais organizações que prestam apoio humanitário na palestina.

Além deste crime, outro prédio da Radiotelevisão da República Islâmica do Irã (IRIB), também em Teerã, foi bombardeado. Na semana passada, a sede da emissora foi bombardeada enquanto a transmissão estava sendo realizada.

Segundo noticiado em canal de comunicação no Telegram, os bombardeios contra o Irã teriam durado 50 minutos.

https://t.me/rnintel/39422

Conforme noticiado pelo Canal 13 de “Israel”, em referência às ações iranianas da manhã desta segunda-feira, “este é o período mais longo que os israelenses permaneceram em abrigos desde que a guerra começou“.

Estados Unidos e “Israel” seguem ameaçando golpe de Estado contra Irã

Novas ameaças de golpes de Estado contra o regime iraniano, surgido da Revolução de 1979, foram feitas por Donald Trump, presidente dos Estados Unidos.

Em publicação em sua rede social, a Truth Social, Trump afirmou “Não é politicamente correto usar o termo ‘mudança de regime’, mas se o atual regime iraniano não é capaz de TORNAR O IRÃ GRANDE NOVAMENTE, por que não haveria uma mudança de regime??? MIGA!!!“.

Por outro lado, o Secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth afirmou que os ataques que os EUA realizaram no domingo foram “uma operação de precisão” e que “esta missão não era e não tem sido sobre mudança de regime“.

De forma semelhante, JD Vance, vice-presidente, deu declaração cínica e escatológica de que os EUA não estão “em guerra contra o Irã, estamos em guerra contra o programa nuclear iraniano”.

Destaca-se que nas últimas duas semanas, inúmeras declarações de Trump e sua administração vem se revelando rapidamente se o exato contrário, a exemplo do suposto prazo de duas semanas que Trump levaria para decidir se atacaria o Irã ou não (o ataque foi realizado poucos dias após das notícias).

Ainda, no sábado (21), o enviado presidencial dos EUA para missões especiais, Richard Grenell, pediu ao CEO da SpaceX, Elon Musk, que fornecesse acesso gratuito à Starlink em todo o Irã para que seus “amigos” pudessem ter “acesso ininterrupto às informações”, conforme noticiado pela emissora russa RT:

Você pode ativar o Starlink gratuitamente no Irã pelas próximas semanas, @elonmusk? Meus amigos no Irã não têm acesso regular a informações no momento. Vou contribuir com uma doação e acho que outros também fariam“, publicou Grenell em sua página do X.

Além disto, conforme noticiado pelo The New York Times, “o Mossad contatou os comandantes restantes do IRGC e ameaçou matá-los se eles não renunciassem e abandonassem a República Islâmica dentro de 12 horas, divulgando um vídeo“. Abaixo, vídeo divulgado pelo norte-americano Washington Post:

Enquanto isto, o Irã continua desarticulando a rede de espiões do Mossad dentro do país: mais um caminhão de espiões da agência contrabandeando VANTs drones foi apreendido, e uma base de operações foi desmantelada. Além disso, um europeu que estava espionando para o Mossad foi preso em Hamedan. Ainda, a justiça iraniana anunciou a execução de agente do Mossad.

Rússia reitera apoio ao Irã

Nesta segunda-feira, o ministro das Relações Exteriores do Irã Abbas Araghchi esteve em Moscou, na Rússia, reunindo-se com o presidente Vladimir Putin e autoridades russas.

Durante a reunião, Putin enviou seus melhores votos a Ali Khamenei, Líder Supremo do Irã, bem a Masoud Pezeshkian, presidente da República Islâmica, a que o chanceler iraniano respondeu afirmando que “a Rússia está do lado certo da história. O Líder Supremo e o Presidente enviam-lhe os melhores cumprimentos.

Vladimir Putin declarou igualmente que “a Rússia está fazendo esforços para ajuda o povo iraniano” e que “a agressão contra o Irã não tem nem base, nem justificativa”.

Nesse sentido,  Araghchi declarou que “Teerã considera as ações dos EUA e de Israel contra o Irã ilegítimas, o lado iraniano tem direito à defesa”,

Comentando as ameaças de golpe feita por Trump, Dimitri Peskov, assessor de Putin, declarou que “a decisão da liderança do Irã deve permanecer nas mãos de seu povo. A Rússia não responderá aos apelos de Trump por uma mudança de poder no Irã“. Peskov também afirmou que “a ajuda da Rússia ao Irã dependerá do que Teerã precisa“.

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Last Update: 24/06/2025