A guerra iniciada por Israel contra o Irã chega ao oitavo dia, nesta sexta-feira (20). Sem avanços para o fim das agressões, o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu “uma chance à paz”, em sessão de emergência do Conselho de Segurança a pedido do Irã.

Guterres mostrou preocupação com o rápido avanço do conflito, ao dizer que é preciso estancar a crise sob o risco de “acender uma chama incontrolável”, o que deve ser evitado. Hospitais nos dois países foram atingidos, situação que agrava a crise e traz com consequências diretas para os civis e para a infraestrutura de atendimento médico.

Os esforços por um armistício têm se mostrado infrutíferos devido à postura de Israel. Na reunião do Conselho, o embaixador israelense na ONU, Danny Danon, afirmou que os ataques não serão interrompidos até que seu país neutralize o que considera ser “ameaças nucleares”.

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De forma paralela ao Conselho em Nova Iorque (EUA), em Genebra, na Suíça, Abbas Araghchi, ministro das Relações Exteriores do Irã, encontrou os chanceleres de Alemanha, França e Reino Unido. O lado iraniano está aberto ao diálogo pela paz, porém pede que Israel cesse os ataques para avançar no tema, assim como defende que os EUA não se envolvam nas negociações – pois é cúmplice.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já ameaçou os iranianos de forma velada ao afirmar que decidiria em duas semanas se entraria na guerra ao lado de Israel. Na verdade, ele analisa se participar da guerra não será um revés ao governo, uma vez que a população norte-americana é contrária à guerra e apoia-se na promessa de campanha feita por Trump de que não se envolveria em conflitos alheios.

Apesar das conversas, os países europeus têm mantido postura semelhante aos EUA em obrigar que o Irã interrompa qualquer produção nuclear. Os iranianos garantem e ninguém os desmentiu, nem mesmo a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que sua produção atômica tem fins pacíficos, como a produção de energia, radiofármacos e combustíveis para usinas.

Sessão de emergência do Conselho de Segurança foi pedida pelo Irã com apoio de Argélia, China, Paquistão e Rússia. Foto: ONU/Manuel Elias

Outros interesses e preocupações

Apesar da justificativa de inviabilizar qualquer potencial nuclear iraniano, o governo de Benjamin Netanyahu pretende também derrubar o regime político local, pretendendo, até mesmo, atacar o aiatolá Khamenei, chefe de Estado do Irã.

Assim, o avançar dos ataques israelenses atingiram a instalação nuclear de Khondab/Arak, no Irã, atraindo a atenção de todo o mundo para o risco de uma tragédia igual a de Chernobyl (norte da Ucrânia), prejudicando toda a região. Apesar do susto com o bombardeiro ao reator de pesquisa de água pesada (para produzir plutônio) parcialmente construído, não houve vazamento radioativo, pois a instalação não estava em operação.

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O Irã tem respondido as agressões com mísseis que têm escapado do potente sistema de proteção israelense: Domo de Ferro (sistema de defesa com mísseis) e Raio de Ferro (sistema de defesa a laser). Ao menos 24 pessoas morreram em Israel, com mais de 1200 feridos e cerca de 8 mil deslocados. Pelo lado do Irã, já são mais de 600 mortos.

É importante destacar que a frente de agressões aberta por Israel contra o Irã é marcada por hipocrisia, uma vez que o Estado judeu possui um programa nuclear desde 1950, responsável por produzir pelo menos 90 bombas nucleares.

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Last Update: 20/06/2025