Mais de 700 milhões de pessoas enfrentam a escassez de alimentos no mundo. Parte desse total – 39,7 milhões de pessoas, precisamente – está no Brasil, embora o país tenha visto uma parcela importante de seus habitantes deixar de passar fome nos últimos anos.
Os dados são do relatório Estado da Segurança Alimentar e da Nutrição no Mundo, elaborado por agências da Organização das Nações Unidas (ONU). O documento é conhecido como “Mapa da Fome” e foi lançado nesta quarta-feira 24 no Rio de Janeiro.
Para fins de comparação, o relatório considera dois triênios: o primeiro compreende o período 2020-2022 e o segundo se refere a 2021-2023.
No primeiro caso, no Brasil, 70,3 milhões de pessoas experimentavam insegurança alimentar moderada ou severa, o que corresponde a 32,8% da população. Já no triênio mais recente, o número caiu para os 39,7 milhões mencionados, o que representa 18,4% da população.
No caso brasileiro, a insegurança alimentar severa – que é quando alguém não tem acesso a alimentos e passa, pelo menos, um dia inteiro sem comer – caiu 85% no País, no ano passado, quando comparada ao ano anterior. Se, em 2022, a situação atingia 17,2 milhões de pessoas, o número foi reduzido para 2,5 milhões em 2023.
Nesse contexto, 8,4 milhões de pessoas (ou 3,9% da população) ainda estava, no triênio entre 2021 e 2023, na condição de subnutridos. Assim, mesmo com os avanços, o Brasil permanece no Mapa da Fome da ONU.
Os casos de subnutrição colocam o País em uma situação especialmente problemática. Isso acontece porque, como o percentual de subnutridos está acima de 2,5%, pode-se se dizer, segundo a metodologia da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, que o Brasil não ainda não foi capaz de se livrar da fome.
O Brasil chegou a sair do Mapa da Fome da ONU em 2014, quando era governado por Dilma Rousseff (PT), mas retornou durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em 2022.
A despeito disso, os casos de subnutrição caíram: são 1,7 milhão de pessoas subnutridas a menos, na comparação com o triênio encerrado em 2022.
O ministro do Desenvolvimento Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, comentou os dados do Mapa da Fome, dizendo que eles “indicam que estamos no caminho certo”.
Cenário global
A fome no mundo, ao menos em números, não sofreu grandes alterações nos últimos anos. Segundo o documento lançado nesta quarta, uma a cada onze pessoas passavam fome no planeta, no ano passado.
A desnutrição crônica, por exemplo, caiu na América Latina, mas voltou a crescer no continente africano, onde 57,7% da população vivencia uma situação de insegurança alimentar moderada ou severa.
No triênio de 2021 a 2023, em todo o mundo, 2,3 bilhões de pessoas vivenciavam as angústias da insegurança alimentar moderada ou severa. O montante representa praticamente um terço da população global.