Na segunda-feira (30), movimentos negros identificados com ONGs e entidades financiadas por banqueiros divulgaram uma carta aberta ao presidente Lula cobrando a nomeação de Vera Lúcia Santana de Araújo como ministra titular do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A carta é assinada por organizações como a Coalizão Negra por Direitos, Uneafro Brasil e Instituto Peregum, e destaca o “simbolismo”, ignorando as necessidades concretas da população negra.
A proposta não vem acompanhada de qualquer reivindicação real de melhoria nas condições de vida da maioria negra do País — submetida à expropriação brutal, ao desemprego e à repressão assassina por parte do próprio Estado. Ao contrário, essas organizações atuam para promover a integração de representantes negros nas instituições mais reacionárias do regime, como o Judiciário, hoje responsável pela criminalização em massa da juventude pobre e negra das periferias.
Enquanto o Congresso aprova leis para endurecer penas e aumentar o encarceramento, e os governos investem em mais policiamento para massacrar o povo negro, essas entidades se calam. A “representatividade” defendida nada tem a ver com a luta contra a opressão, mas sim com a adaptação a um sistema que massacra cotidianamente os negros brasileiros. A política identitária, nesse caso, serve apenas para dar um verniz progressista à manutenção da ordem capitalista e repressiva.
Vera Lúcia já atua como ministra substituta do TSE desde 2023 e tem apoio da primeira-dama Janja para assumir a vaga titular. A escolha de Lula, portanto, deve se dar não com base em qualquer compromisso com o povo negro, mas sim como parte das disputas internas da frente ampla e da tentativa de reforçar o discurso identitário dentro das instituições do regime.
Ao invés de lutar por mudanças reais, como emprego, saúde, moradia e fim da violência policial, os chamados movimentos negros seguem funcionam como correias de transmissão da política do imperialismo, para os quais basta pintar o regime de cores “diversas” sem mudar sua essência.