O ex-presidente Jair Bolsonaro ao lado do deputado Filipe Barros: Parte dos recursos recebidos pelo instituto são de emendas do parlamentar. Foto: reprodução

A Controladoria Geral da União (CGU) identificou ilegalidades em repasses federais de R$ 12,8 milhões feitos entre 2019 e 2022 ao Instituto de Câncer de Londrina, cuja diretoria inclui o sogro do deputado bolsonarista Filipe Barros (PL-PR), líder da oposição na Câmara. A CGU apontou que parte dos recursos recebidos pelo instituto veio de emendas parlamentares do próprio deputado.

De acordo com o relatório da CGU, finalizado no fim de 2024, as parcerias entre a administração pública e organizações da sociedade civil são regidas por normas que proíbem acordos com entidades dirigidas por parentes de membros do Poder Legislativo.

Filipe Barros, por meio de sua assessoria, negou irregularidades e afirmou à Folha de S.Paulo que destinou uma emenda de R$ 500 mil e apoiou outra da bancada do estado, no valor de cerca de R$ 5 milhões, destacando a “ampla capilaridade do instituto” no Paraná.

O relatório revelou que nenhuma das parcerias firmadas entre o Ministério da Saúde e o instituto passou por chamamento público para a escolha da ONG, e oito delas foram financiadas com recursos de emendas parlamentares. Além disso, a CGU destacou que o instituto se destacou pelo volume de repasses em comparação a outras entidades analisadas, especialmente durante o período em que um parente do deputado atuava na gestão.

Embora o relatório não mencione explicitamente o nome de Barros, fontes próximas ao caso confirmaram que o parlamentar é o político mencionado. Segundo o levantamento da CGU, o sogro do deputado ocupava o cargo de diretor financeiro e tesoureiro da instituição até 2022 e atualmente integra o conselho deliberativo da entidade.

Em agosto de 2021, uma publicação no site do instituto registrou a visita do deputado ao hospital, onde recebeu uma homenagem por sua emenda parlamentar. Segundo o texto, “o recurso, no valor de R$ 2.216.558,50, foi utilizado para custeio do tratamento de 647 pacientes provenientes de 84 municípios paranaenses, incluindo Londrina”.

Foto do deputado Filipe Barros com diretores do Instituto de Câncer de Londrina, que recebeu emendas do parlamentar, em agosto de 2021.
Visita do deputado Filipe Barros (PL-PR) ao Instituto de Câncer de Londrina, que recebeu emendas do parlamentar. Foto: reprodução

A CGU incluiu o caso como potencial violação dos princípios da administração pública, citando impessoalidade, moralidade e eficiência. O órgão também enfatizou que, conforme o Código Civil, o vínculo de parentesco por afinidade entre sogros e genros se enquadra na proibição de parcerias como essa.

O parlamentar defendeu o repasse, argumentando que o hospital é amplamente apoiado por deputados do estado devido à sua atuação no atendimento a pacientes do SUS em tratamento contra o câncer. Em relação à atuação de seu sogro, Barros afirmou que sua participação na diretoria é voluntária, sem remuneração, e realizada em rodízio de mandato com outros representantes do setor produtivo de Londrina.

Conheça as redes sociais do DCM:
⚪️ Facebook: https://www.facebook.com/diariodocentrodomundo
🟣 Threads: https://www.threads.net/@dcm_on_line

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 10/01/2025