Omar al-Saleh al-Barghouti nasceu na vila de Deir Ghassaneh, ao norte de Ramala, em uma família tradicional palestina. Seu percurso educacional começou no kuttab local, como era comum na Palestina rural, mas logo assumiu um caráter excepcional. Seu pai o enviou a Jerusalém, onde estudou na escola franco-judaica mantida pela Aliança Israelita Universal, no Collège des Frères e na escola anglicana St. George. Posteriormente, completou sua formação na prestigiada Maktab Sultani, em Beirute, um dos principais centros de formação das elites árabes no fim do período otomano.
De volta à sua aldeia, Omar fundou a Sociedade Árabe, uma organização de inspiração nacionalista com ramificações em diversas localidades da região de Ramala. Sua preocupação com a educação levou-o também a tentar fundar uma escola para meninas em Deir Ghassaneh.
Durante a Primeira Guerra Mundial, Barghouti alistou-se como escriturário no centro de recrutamento do exército em Jerusalém, numa estratégia para evitar o envio ao fronte e manter-se próximo à sua terra. Com o fim da guerra e a ocupação britânica da Palestina, Barghouti envolveu-se imediatamente nas mobilizações contra o novo domínio colonial. Em 1919, foi eleito membro do comitê administrativo da Associação Muçulmano-Cristã de Jerusalém, representando as aldeias da região. Em abril de 1920, participou ativamente das manifestações contra os britânicos e a imigração sionista, o que lhe custou o exílio interno sob prisão domiciliar em Acre.
Barghouti era também homem de imprensa e cultura. Atuou como colaborador do jornal Mir’at al-Sharq, dirigido por Boulos Shehadeh, e integrou a Sociedade Oriental da Palestina, onde ministrava palestras em inglês sobre folclore e tradições palestinas. Sua capacidade de expressão oral e escrita, somada à fluência em inglês e turco, fazia dele um orador respeitado e figura presente nos debates públicos.
Politicamente, Barghouti posicionava-se na oposição à liderança de Haj Amin al-Husseini. Em 1923, participou da fundação do Partido Nacional Árabe, cuja política, embora crítica à hegemonia de al-Husseini, compartilhava os mesmos fundamentos nacionalistas — o que levou ao rápido fracasso do partido. Ainda assim, o episódio ilustra sua constante atuação política independente.
Formado em Direito pela Escola Jurídica de Jerusalém em 1924, passou a exercer a advocacia, atuando em causas populares e nacionalistas. Participou da fundação do Congresso dos Clubes Muçulmanos em 1928, e foi eleito para o comitê executivo do Sétimo Congresso Árabe Palestino. No início dos anos 1930, fundou e presidiu uma nova associação muçulmano-cristã na região de Ramala.
Em maio de 1930, guiou pessoalmente o presidente da Comissão Técnica Britânica de Inquérito, Sir John Hope Simpson, em visitas a diversas regiões da Palestina, incluindo Ramala, Jericó e Belém. A comissão investigava as consequências da colonização sionista sobre os camponeses árabes, tema de extrema relevância diante da intensificação das desapropriações de terras. No final de 1931, participou da Conferência da Nação Islâmica Palestina, paralela ao Congresso Pan-Islâmico de Jerusalém, onde defendeu com veemência o fim do Mandato britânico, a revogação da Declaração Balfour e o fim da imigração sionista.
Entre 1933 e 1948, foi professor de Direito Civil nas aulas jurídicas de Jerusalém, além de integrar o conselho de curadores da instituição. Sua atuação como advogado ganhou destaque ao defender, gratuitamente, os presos das revoltas de 1929 em Jerusalém, Hebron e Safad. Em 1936, durante a Grande Greve Geral e a Revolta Árabe, defendeu militantes da Jiade liderada por Izz al-Din al-Qassam e até membros do Partido Comunista da Palestina — numa atuação jurídica marcada pela defesa intransigente dos direitos dos presos políticos palestinos.
Apesar de sua posição crítica aos britânicos, Barghouti foi um dos poucos líderes nacionalistas que, em 1939, defenderam a aceitação do Livro Branco britânico. Para ele, a proposta de limitar a imigração judaica e a venda de terras poderia abrir caminho para um Estado árabe independente.
Em 1944, integrou a delegação palestina no Primeiro Congresso de Advogados Árabes em Damasco, sendo eleito para os comitês jurídico e científico. Após a Nakba, em 1948, exilou-se no Egito e depois transferiu-se para Amã e Ramala, onde passou a lecionar temas históricos e literários na rádio de Jerusalém.
No período em que esteve na Jordânia, foi nomeado senador em 1952 e deputado em 1954, chegando a presidir a comissão jurídica do Parlamento jordaniano. Em 1955, ocupou brevemente o cargo de Ministro da Educação, mas renunciou em protesto contra a tentativa de adesão da Jordânia ao Pacto de Bagdá — aliança militar impulsionada pelo imperialismo norte-americano e britânico. Manteve-se como deputado até a dissolução do parlamento em 1956.
Nesse mesmo ano, participou do Congresso dos Advogados Árabes no Cairo, onde teve encontros privados com o presidente egípcio Gamal Abdel Nasser e com o secretário-geral da Liga Árabe, Abd al-Khaliq Hassuna.
Omar al-Saleh al-Barghouti faleceu em Jerusalém e foi enterrado no cemitério de Bab al-Sahira. Seu funeral reuniu autoridades, historiadores e escritores, e seu memorial realizado na Friends Boys School de al-Bireh foi testemunho do respeito e admiração que despertava entre os círculos nacionalistas árabes.