Se uma semana é muito tempo na política, os últimos dias da campanha presidencial americana ganharam ares de proporções épicas.
A decisão inesperada do presidente democrata Joe Biden de desistir, neste domingo 21, da disputa à reeleição nas presidenciais de novembro, coroou uma semana vertiginosa, que começou com a tentativa de assassinato contra seu adversário, o republicano Donald Trump, e deixou os americanos abalados.
Confira a seguir os principais acontecimentos da semana:
Sábado: tentativa de assassinato de Trump
O candidato republicano sobrevive a uma tentativa de assassinato durante um comício de campanha na Pensilvânia, onde um jovem de 20 anos abriu fogo do alto de um telhado vizinho.
Imagens do ex-presidente com um ferimento sagrando na orelha direita e erguindo o punho em uma postura desafiadora, enquanto agentes do Serviço Secreto o tiram do palanque se tornam emblemáticas e reforçam o fervor de seus apoiadores.
Segunda-feira: começa a Convenção Nacional Republicana
Trump aparece com a orelha coberta com uma bandagem diante de uma multidão que o recebe sob ovações na Convenção Nacional Republicana. Ele nomeia o senador de Ohio J.D. Vance como seu colega de chapa.
Quarta-feira: a pressão sobre Biden aumenta
O apoio a Biden continua se diluindo desde seu desastroso desempenho no debate de 27 de junho contra Trump, enquanto aumentam os temores entre democratas em torno da idade do presidente – 81 anos – e sua capacidade para vencer o republicano nas urnas e cumprir mais quatro anos de mandato na Casa Branca.
Um importante legislador democrata, Adam Schiff, se soma a uma lista crescente de membros do partido que pedem que o presidente desista de sua candidatura. Ele o elogia, mas diz que a nação “está em uma encruzilhada”.
Biden é diagnosticado com Covid-19, precisa interromper sua campanha e se recolhe em sua casa em Delaware para se recuperar. Em uma entrevista publicada no mesmo dia, diz que reconsideraria sua candidatura se surgisse uma “condição médica”.
Quinta-feira: Pelosi, Obama e Trump
Aparecem novos indícios de uma redução do apoio democrata para Biden. Surgem informações de que a ex-presidente da Câmara de Representantes Nancy Pelosi teria dito aos democratas da casa que o presidente poderia em breve ser convencido a abandonar a disputa.
O ex-presidente Barack Obama, de quem Biden foi vice, também teria dito a seus co-partidários que o mandatário deveria “considerar seriamente a viabilidade de sua candidatura”.
Em Milwaukee, Trump aceita sua nomeação como candidato à Presidência na Convenção Nacional Republicana e promete a uma multidão uma “vitória incrível” em novembro.
Sexta-feira: ‘Há muito em jogo’
A lista de legisladores que pedem que Biden desista de sua candidatura chega a 25, mas ele insiste em que continuará na disputa: “Há muito em jogo e a eleição é clara. Juntos venceremos”.
Sábado: ‘Tiro pela democracia’
Em seu primeiro comício desde que foi vítima de uma tentativa de assassinato, Trump diz para cerca de 12.000 simpatizantes no estado-chave de Míchigan ter levado “um tiro pela democracia”.
Ele debocha da crise de liderança dos democratas: “Não têm ideia de quem é seu candidato”.
Domingo: a grande decisão de Biden
O importante senador Joe Manchin, um independente alinhado aos democratas, se soma ao coro que pede que Biden desista da campanha.
Duas pesquisas trazem notícias desanimadoras para o presidente: uma mostra forte queda do apoio no disputado estado de Míchigan e a outra apresenta Trump com seus maiores índices favoráveis em anos.
Às 13h46, horário de Washington (14h46 de Brasília), Biden publica uma declaração impactante nas redes sociais, anunciando que põe fim à sua candidatura pelo “melhor interesse” de seu partido e do país.
Biden oferece seu apoio à vice-presidente Kamala Harris para que seja a nova candidata do partido, enquanto democratas importantes, como Bill e Hillary Clinton, reforçam o apoio a ela.
Trump declara nas redes sociais que Biden “não era apto para se candidatar” à Presidência e “certamente não é apto para servir” como presidente.
Os republicanos, incluindo o líder da Câmara de Representantes, Mike Johnson, insistem em que Biden “deve renunciar” à Presidência “imediatamente”.
O presidente do Partido Democrata anuncia que haverá um processo “transparente e ordenado” para substituir Biden na cédula eleitoral.