O desenvolvimento econômico não é um resultado natural de uma política econômica “adequada”. Países que se desenvolveram fizeram isso ao lutar pela soberania nacional e pelo desenvolvimento, além de aproveitar oportunidades estratégicas.
O Brasil se encontra em uma posição estratégica no contexto global atual, distante dos principais conflitos globais e mantendo uma postura de neutralidade. Além disso, o país lidera a agenda global de sustentabilidade e é um dos maiores produtores de biocombustíveis.
Essa posição permite ao Brasil atender à crescente demanda global por alimentos e consolidar sua posição como um dos principais fornecedores internacionais. No entanto, a agricultura mais eficiente do mundo é incapaz de sobreviver sem subsídios e proteção.
Ao longo das últimas décadas, a produtividade na agricultura cresceu mais do que em muitos setores da indústria. No entanto, apesar do aumento da produtividade, o número de pobres e famintos no mundo não diminuiu significativamente.
As atividades exportadoras positivas são aquelas ligadas à indústria manufatureira, enquanto as atividades exportadoras ruins decorrem de um tipo de produção que acontece quando a agricultura e a indústria extrativa são deixadas ao sabor da lógica do mercado.
A produção de matérias-primas e de bens manufaturados obedece a diferentes lógicas econômicas, razão pela qual os países que produzem matérias-primas também necessitam de um setor industrial desenvolvido.
É fácil verificar a sinergia entre agricultura e indústria, através de um dado muito direto. Os 5 maiores produtores agrícolas do mundo, além de produzirem muitos alimentos, têm também em comum a utilização cada vez maior de tecnologias visando aumentar a produtividade agrícola.
Nos EUA, o setor agrícola emprega em torno de um milhão de pessoas, o que é ínfimo em relação à força de trabalho total. A agricultura brasileira também usa muita tecnologia e é a terceira do mundo em produção.
O uso de tecnologia tem sido estratégico para os países garantirem a oferta de alimentos à população. Por isso, a existência de um setor industrial forte é o que caracteriza os países que possuem agricultura forte.
A China, que retirou mais de 800 milhões de pessoas da fome, se converteu na “fábrica do mundo” e tornou-se também um grande “celeiro”. Resumo da ópera: os países que produzem muitos alimentos e matérias-primas, como o Brasil, também necessitam de um setor industrial forte.